"Não se fala muito da liga portuguesa, mas sabemos que é um jovem com potencial..."
Eskilsson foi o primeiro sueco a jogar em Braga e um dos primeiros em Portugal. Memórias reavivadas com a mudança para Vigo do filho, Swedberg, colega de Joe Mendes, lateral minhoto, no Hammarby
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Joe Mendes é o quinto sueco em Braga e o que chegou mais jovem a Portugal, na comparação com Rodlund, Bo Andersson, Eskilsson e Soderstrom. O primeiro a chegar foi Hans Eskilsson, em 1989/90, já com uma época feita no Sporting. Dele guarda-se a visão de um avançado imponente, atlético, com longos e densos caracóis. Na passagem pela cidade dos arcebispos, foi opção em 21 jogos e marcou dois golos, saldo curto para o homem que chegara ao nosso país vindo do Hammarby e com rótulo de internacional.
Agarram-se coincidências e uma ligação sueca a Braga. A reboque das expectativas por Joe Mendes, fomos ao encontro do antigo ponta-de-lança, de 57 anos, icónico pela sua farta cabeleira.
As ligações a Joe multiplicam-se, porque o lateral-direito do Braga, de apenas 20 anos, passou por este clube no processo evolutivo, coincidindo aí, e nas seleções jovens, com Swedberg. O avançado do Celta de Vigo, emblema vizinho dos minhotos, é, precisamente, filho de Eskilsson.
"Conheço-o por causa dessa proximidade com o meu filho. Ele é que não fazia ideia que eu tinha jogado em Braga. Sabemos que os jovens, hoje, já não dão tanto valor à história. Para mim tem sido bom, porque tenho passado muito tempo em Vigo, e na época passada aproveite para ver vários jogos em Portugal, no Porto, Braga e em Guimarães. E até jogos de equipas mais pequenas. Sem esquecer que matei saudades da comida, do polvo, dos filetes e outras coisas", revela o antigo avançado, internacional sueco em cinco ocasiões. Esteve, até, duplamente atento a Joe Mendes, porque o defesa tem estado sempre com os sub-21.
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"Ele e o Swedberg são próximos, porque se conhecem bem, contactam na seleção. Esta proximidade entre Vigo e Braga pode valer alguns encontros. Na passagem pelo Hammarby, na segunda equipa, o meu filho acabou por ascender à principal e o Joe, sem tantas chances, voltou ao AIK. Teve o impacto que conhecemos e, por conta disso, chegou ao Braga. Há uma grande esperança que se imponha. Não se fala muito da liga portuguesa, mas sabemos que é um jovem com potencial para crescer bastante", valoriza Eskilsson, querendo sempre documentar a sua redescoberta recente de Braga.
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"É uma cidade adorável, quis voltar ao estádio antigo, o 1º Maio, para recordar os tempos vividos. Sei que jogam lá as raparigas. Lembro-me muito bem do treinador Vítor Manuel e do João Mário, adjunto do Carvalhal em Vigo", precisa, medindo a força atual dos guerreiros. "Não diria que no meu tempo era um Braga modesto. Acima de tudo, é justo dizer que melhoraram muito! Ficaram à frente do Sporting, isso é impressionante. Provaram que são grande equipa. Nós não éramos maus, estávamos num grupo que competia pelo melhor possível a seguir aos grandes. Era o Braga, o Vitória de Guimarães, Vitória de Setúbal e Boavista", recua Eskilsson.
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"Adoro Portugal e Espanha. Agora, com esta passagem do meu filho por Vigo, reaprendi algumas palavras, falo um pouco "portunhol", adoro as diferenças entre pêssego e melocotón, ou janela e ventana. Fiz questão de passar pelo meu apartamento em Braga, que se situava no edifício Eiffel. Desloquei-me, toquei à campainha e pedi para entrar para conhecer. E acederam", nota o sueco.
A memória de um grande caráter e de um fumador no banco
O sueco fez questão de saber como estava de saúde o seu treinador de 1989/90, lembrando com muito carinho Vítor Manuel. "Tenho grandes memórias dele, pois era muito simpático. Tinha, na realidade, um caráter muito bom. Era o que se pode chamar um bom tipo. Outra grande imagem é de o ver fumar nos treinos. Enfiava-se no banco e fumava", lembra Eskilsson, abraçando, ainda, nesta conversa, as razões que o motivaram a ter como destino Portugal:
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"Quando fui para o Sporting, tinha boas hipóteses de rumar a Itália, que tinha uma liga fortíssima, onde só três estrangeiros podiam jogar por equipa. Nessa época, os grandes de Portugal tinham nome muito forte na Europa e senti o convite do Sporting como muito desafiante. Era um grande clube. Depois, acabei por ser emprestado ao Braga e ainda joguei mais tarde no Estoril."
As referências arsenalistas: fã de Al Musrati e Banza
O sueco revela-se conhecedor de alguns ativos que moram na Pedreira.
"Eu vi jogos do Braga, sobretudo no início da época. Curiosamente, estive na primeira jornada, no 3-3 com o Sporting. Mas vi o jogo com sportinguistas, pois foi o Carlos Xavier que me arranjou bilhete. Tenho imagem de um grande médio que era o Al Musrati e, nos jogos que vi, gostei sempre do ponta-de-lança, o Banza, muito forte", conta.