Bartosz Grzelak e Martin Falk treinaram Joe Mendes no AIK e explicam os progressos do sueco num curto espaço de tempo
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Aproveitando momentos de forma menos bons de Víctor Gómez ou, sobretudo, lesões do lado esquerdo, Joe Mendes tem vindo a ganhar andamento nesta primeira época completa em Braga, já com um total de 26 jogos. Conhece, agora, uma fase de transição no clube, tendo mantido a titularidade com Rui Duarte, naquela que foi a 13ª promoção ao onze. O crescimento evidenciado pelo jovem sueco, de 21 anos, merece parecer muito abonatório de Bartosz Grzelak, técnico sueco de origem polaca a treinar, agora, os húngaros do Mol-Fehervar.
A polivalência de Joe começa, exatamente, no final, da formação no AIK Estocolmo, passando de extremo a lateral. “Era um extremo e um jogador de mente ofensiva. Deu-se algo no clube, ele foi parar ao Hammarby, um rival, mas felizmente voltou. Foi aí que o apanhei, imediatamente vi os seus recursos técnicos no ataque, mas conseguia cooperar facilmente com a defesa. Juntava responsabilidade e disponibilidade física”, atesta a O JOGO, elogiando uma personalidade entusiástica pela adrenalina do jogo. “É muito forte mentalmente, nunca estranhou ou receou desafios. Não olhava para nomes, se estava num jogo decisivo, estava na sua... Ama o futebol e vive-o de forma genuína, sempre em paz para fazer o seu melhor”, vinca Grzelak, admirado por ida tão rápida para Portugal.
“Fiquei um pouco surpreso, aconteceu tudo muito depressa, não estava solidificado mas, por outro lado, deu um salto significativo”, conta o técnico do Mol-Fehervar, dando conta de outra ferramenta elementar no reforço das competências. “Teve um técnico específico que trabalhava com ele, através de sessões de vídeo e exercícios extra. Ajudou-o muito em termos de progressos individuais. Olhando ao futuro, partindo do que vi dele em jogos da Champions, da presença que revelou contra o Real Madrid, como lidou com as estrelas, estou certo que segue bem vivo o seu potencial. Penso que estará na seleção principal da Suécia num ano ou dois. O futuro de Joe será brilhante”, garante.
Um sorriso contagiante
Foi Martin Falk, hoje a trabalhar no Malmö, quem manteve estreita relação com Joe Mendes, aprimorando ao detalhe as virtudes. “Foi algo focado em habilidades individuais de um para um em defesa e ataque, variabilidade de exercícios entre cruzamentos e remates, e conceitos defensivos em como equilibrar a defesa, após pressão”, desvenda, enaltecendo um “desenvolvimento constante”, iniciado na Allsvenskan e continuado em Portugal. “Esteve sempre interessado em adicionar coisas ao seu jogo, assumiu responsabilidades individuais, pedindo ajuda especializada. Há muito trabalho extra campo em Joe”, explana Martin Falk, satisfeito com o enquadramento competitivo atingido pelo jovem de origens angolanas. “É uma liga que se adapta na perfeição ao estilo de jogo, ele pode tentar fazer jogadas mais ousadas contra grandes equipas, no contexto interno como externo. Foi fantástico vê-lo, por exemplo, a enfrentar o Real Madrid. Vimos todos os progressos conseguidos em Portugal pelo capitão da Suécia, Victor Lindelof”, atira, puxando pela evolução do central que o Benfica moldou e valorizou com transferência para o Manchester United.
Com apenas um golo marcado em Portugal, na goleada de 4-1 ao Estoril, na Pedreira, na época passada, Joe Mendes reencontra o adversário, contra o qual também venceu o seu único troféu em Braga, a Taça da Liga. Mas já poderá ver Borja a reclamar lugar. Se há algo que marca a passagem pelo Minho é o trunfo da empatia. “A felicidade que leva para uma sessão era a imagem dominante. Com um grande sorriso influencia todos em seu redor. Melhora o ambiente do grupo, é capaz de interagir de forma engraçada. Brincava muito, foi uma dádiva que espalhou em todo o staff”, recua Falk.