João Rafael Koehler: "O FC Porto não tem o orçamento mais alto em Portugal e ganhou metade dos títulos"
João Rafael Koehler, candidato a vice-presidente do FC Porto pela lista Todos pelo Porto, liderada por Pinto da Costa, respondeu a perguntas de sócios na Casa do FC Porto em Famalicão
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O custo das modalidades: "As modalidades têm um impacto no orçamento do clube inferior a 10%. Gastámos com equipa de futebol profissional e sei que os sócios gostam muito de ver a equipa a ganhar, mas há custos muito elevados. O FC Porto não tem o orçamento mais alto em Portugal e ganhou metade dos títulos. Gastamos 165 M€ por ano. Ordenados, amortizações de passes comprados, encargos financeiros com dívida, deslocações... Este é o tipo de investimento que fazemos. O FC Porto tem, entre receitas e despesas típicas, temos há muitos anos, tal como Benfica e Sporting, tal como Real Madrid e Barcelona, um défice de cerca de 10% entre o que gastamos e o que recebemos."
Obrigados a vender: "Somos obrigados a vender jogadores para ter receitas extraordinários. É um tópico importante, mas acontece em toda a Europa. A maior parte da dívida do FC Porto não nos preocupa. O FC Porto tem problema de tesouraria, não é financeiro. Temos cerca de 285 M€ de passivo. Desses 285, 180 são colateralizados. A quem temos de pagar, sabem que vão receber, porque são garantidos por terceiras partes. 100 milhões têm a ver com obrigações subscritas por sócios. Algo que vamos manter e renovar. Temos 200 M€ de dívida, vinculativa. Temos de pagar sempre e não nos podemos atrasar. O que temos de pagar a outros clubes, agentes... O FC Porto não se financia na banca. Desde que a Troika entrou em Portugal, os bancos não podem emprestar dinheiros a clubes. Temos esta dívida vinculativa que tem sido sempre paga. Nestes últimos anos deixámos o Fair Play financeiro porque as contas estão em ordem. O ativo e passivo estão melhores há quatro anos. Nessa altura não houve tanto barulho e agora até são melhores. O nosso serviço de dívida terá de baixar para 10 M€. Estamos a negociar a redução da taxa de juro."
Duplicar receitas: "Queremos, em três anos, duplicar as receitas dos clubes. Com o aumento de capital, duplicamos ao fim desse tempo. Queremos aumentar receitas televisivas, patrocinadores vão pagar mais e aumentar a receita de bilheteira, que está em linha com outros clubes portugueses. Dizem-se muitos disparates hoje em dia, mas faturamos 30 M€. Queremos tornar os sócios no centro do clube. Um dos pontos mais interessantes que temos no programa é a criação de um banco digital. Estimamos ter 300 mil sócios ativos daqui a três anos. vamos ganhar dinheiro com eles e eles vão ganhar dinheiro também. Queremos criar um ecossistema que valorize os adeptos e o clube. Queremos internacionalizar o FC Porto, que é tão seguido em Angola e Moçambique como em Portugal. Angola tem 40 milhões de habitantes e queremos ter um pé na África lusófona, criar academias em todos esses países... O clube tem de ser maior e tem de ser uma marca com mais valor."
Iniciativas de proximidade com os sócios, principalmente para os mais jovens: "Uma das coisas mais importantes para esta canddidtura é tornar o sócio ainda mais no centro do clube. Uma das medidas que achamos mais importantes é a experiência dentro do estádio. Queremos, seguindo a premissa que os lugares mais caros são os que estão vazios, queremos ter o estádio sempre cheio. Isso tem a ver com os jovens e as casas do FC Porto, que vão ter papel importantíssimo. Isso só acontece com lotação acima de 95%. Não é fácil, mas queremos fazer isso, em particular com medidas direcionadas aos jovens. Se queremos chegar aos 300 mil sócios, temos de ter política digital ativa e atrativa. A ideia lançada por clubes como o Manchester City é a ideia de um cartão loyalty, que o FC Porto vai querer lançar. Queremos que quem é sócio perceba que tem vantagens económicas. Queremos aumentar a nossa comunidade, há experiências muito interessantes. O Flamengo estava falido e depauperado, mas agora tem resultados sempre positivos. São coisas que vamos apresentar ao longo da campanha. Queremos avançar para isso rapidamente. Se olharmos para outros exemplos, mesmo clubes com dificuldades financeiras estão sempre a investir. É a ideia que o presidente quer passar."