Técnico orientou o camisola 87 na formação das águias e fala dele como "o médio mais completo" do plantel
Corpo do artigo
O Benfica arrancou da pior forma a edição 2023/24 da Liga dos Campeões, mas apesar do desaire por 0-2 com o RB Salzburgo houve um jogador que deu nas vistas de águia ao peito. Na sua estreia como titular na Champions, João Neves assumiu-se como peça fundamental na estratégia de Roger Schmidt, procurando inverter o rumo dos acontecimentos. Para Luís Castro, que o orientou na formação do Benfica, o jovem camisola 87 "deu mais uma vez prova da qualidade que tem, agora numa montra como a Liga dos Campeões". "Foi um dos melhores em campo, como já tinha sido com o Vizela e neste momento não fica atrás de nenhum dos outros médios do Benfica. Pelo contrário, estará a nível superior. É o mais completo de todos", defende a O JOGO, o antigo treinador dos sub-23 e bês das águias.
Na estreia como titular na Champions, o centrocampista de 18 anos esteve em destaque apesar do desaire com o RB Salzburgo. Antigo treinador dos sub-23 e bês frisa que "não é fácil deixá-lo no banco"
"Os meus amigos perguntam-me se o Kokçu custou 25 milhões de euros quanto vai custar o João Neves. Vai valer muito mais do que 25 M€", atira, decidido, acreditando que o médio "vai continuar a jogar a este nível também na Champions. Joga na prova como se fosse um treino ou um exercício. E já ganhou uma Youth League, dá mais experiência", lembra o técnico, que comandou as águias a essa conquista. Como tal, "é natural que se valorize cada vez mais". "A sua qualidade está à vista de todos, faz tudo bem. Com esta idade parece ter mais experiência, é fruto da velocidade a que trabalha o seu cérebro. Tem um grande posicionamento defensivo e ofensivo, conhece todo o jogo, não é de surpreender que esteja a este nível", afirma Luís Castro, sublinhando que João Neves "tem tudo".
João Neves foi o benfiquista que mais correu na primeira jornada da Champions: fez 12,9 km. No total, foi o quinto no ranking, liderado por Bidstrup, do Salzburgo.
"É muito forte em todos os aspetos, até no jogo aéreo, que à primeira vista pode parecer que não tem. Aliás, o jogo com o RB Salzburgo foi um exemplo disso, ganhou duelos e ia marcando num canto", aponta, recordando o que sentiu com a exibição do camisola 87 em Vizela. "Foi notório que era ele praticamente o patrão e que era por ele que passava o jogo do Benfica. Os jogadores de futebol são inteligentes e detetam quando os outros têm qualidade. Perceberam que têm ali alguém que resolve os problemas", declara, reforçando que "pela sua forma de trabalhar não é fácil deixá-lo no banco".
17068959
O rendimento apresentado e o estatuto conquistado nas contas de Roger Schmidt levam a que o médio seja já apontado como alvo de grandes clubes, como o Manchester United, e Luís Castro sublinha que "é impossível que haja algum clube de topo, pela forma como hoje os clubes trabalham até ao nível de scouting, que não o conheça". "Era mais um tipo de jogo em que podiam querer observá-lo e avaliá-lo. Estes jogos contra equipas fortes de outros países e numa grande competição são também importantes. E acredito que tenham tirado notas positivas", ressalva Luís Castro sobre o jovem, que terminou a primeira jornada como o benfiquista com mais quilómetros percorridos (12,9) e quinto no total, num ranking liderado por Bidstrup, do Salzburgo, seguindo-se Eustáquio, do FC Porto, com 13,4.
Com tudo para ser figura na Premier League
Em processo de afirmação na Luz, João Neves pode, na opinião do seu antigo técnico, "jogar em qualquer campeonato no mundo". Tudo por ser "um jogador completo e muito inteligente". Ainda assim, atira: "A Premier League é o melhor campeonato do mundo e não só seria capaz de se adaptar como jogaria e poderia brilhar."
A cumprir a sua primeira época completa na equipa principal, João Neves está, confia Luís Castro, pronto para dar o salto, ainda que isso não seja algo com o qual não está obcecado. "Conhecendo o João, penso que ele não está preocupado com o próximo passo mas sim com o próximo jogo. Teve uma boa formação no Benfica, mas a nível familiar também teve um suporte muito grande. É muito focado. Acredito que se e quando der o salto vai estar preparado. Começou a treinar com a equipa A por altura do Mundial porque precisavam e comentei com a minha equipa técnica que provavelmente não o veríamos mais. Sabia da sua qualidade e da forma de trabalhar", afirma sobre o jogador, blindado por um contrato válido até 2028 e protegido por uma cláusula de rescisão de 120 M€.
17070993
A mentalidade e o profissionalismo são destacadas. E para isso, Luís Castro recorre a uma história antiga. "Estava nos sub-23 e ele foi chamado pela primeira vez para treinar com a equipa A. O João Neves foi o escolhido porque era dos que tinha potencial. Na véspera do treino tínhamos jantar da equipa de sub-23, pois o campeonato estava parado. O João ligou-me a perguntar se podia faltar ao jantar, questionei-o se tinha algum problema e ele contou-me que tinha sido chamado para treinar com a equipa A. Disse-lhe que podia ir ao jantar e sair mais cedo. Mas ele disse-me que era importante para ele, que preferia comer no Benfica Campus, onde na altura residia, de forma mais saudável, pensar um bocado e que queria estar sem muita agitação. São poucos os que pensam assim. E dei isso como exemplo a outros", recorda.
Mais jovens na prova só Zaire-Emery e Vermeeren
Ainda com 18 anos, João Neves destaca-se na Liga dos Campeões precisamente pela sua juventude. Isto porque analisando as equipas iniciais da primeira jornada da prova milionária apenas dois futebolistas superam a juventude do camisola 87, curiosamente também eles médios. Zaire-Emery (na foto), do PSG, tem só 17 anos, mas tem-se afirmado como titular com Luis Enrique, novo técnico dos franceses. Já no Antuérpia, do grupo do FC Porto, Vermeeren, com 18 anos mas mais novo do que Neves, é indiscutível.