João Neves, as memórias da Youth League e o exemplo de Rúben Dias: "Também é um sonho meu"
Declarações de João Neves, médio do Benfica, em entrevista à UEFA
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Alegria que sentiu pela conquista da Youth League, primeiro troféu: "Foi um mix de emoções, começámos a competição com uma derrota pesada, perdemos por 4-0, com o Dínamo Kiev. Saímos com um sentimento que ia ser muito difícil dar a volta por cima, mas nunca baixámos os braços. Logo a seguir à derrota o míster disse que íamos ganhar a competição e nós ficámos: “O que é que o míster está a dizer? Acabámos de perder 4-0, como é que vamos ganhar a competição?” Com o decorrer dos treinos e dos jogos correu tudo bem e foi uma maravilha."
Evolução e acesso à equipa principal: "A competição ajuda-nos muito no desenvolvimento profissional, jogamos contra outros clubes fora de Portugal que têm outras dinâmicas, ideias de jogo e ideologias que nos preparam melhor para a realidade do futebol profissional. É uma montra jogar competições europeias e competições internacionais, mesmo para o clube é sempre bom fazer boas campanhas, para os jogadores estarem mais perto de chegarem à equipa A, o objetivo de qualquer jogador."
Já joga primeira equipa, qual orgulho representar clube nas provas europeias, mais ainda sendo da formação? "Já jogo no Benfica desde os 8,9, já faz 11 anos. O meu objetivo foi sempre jogar no Estádio da Luz na equipa principal, já venho há um ano e poucos meses nesse registo de equipa A. Sempre que entro em campo com o símbolo do Benfica ao peito é motivo de orgulho para mim e para a minha família. Sem menosprezar a competição nacional, que é sempre bom jogar, as competições internacionais dão sempre uma motivação extra."
Plantel atual do Benfica conta com vários jogadores que ganharam Youth League em 2022. É gratificante jogar na principal com alguns deles? António Silva, Tomás Araújo, Samuel Soares, André Gomes? "É sempre bom, a minha formação foi feita com eles, são amigos para a vida. Conseguirmos os cinco chegar a esse patamar juntos é motivo para estar feliz, jogo com os meus amigos, é com eles que me divirto. Saber que ganhámos competição que não se ganhava há anos e que continuamos juntos e passamos bons momentos juntos dentro e fora de campo deixa qualquer atleta feliz."
Tem 11 anos de Benfica. Qual a importância de ver jogadores como Rúben Dias, João Félix, que jogaram a Youth League no Benfica, a terem sucesso? Motivação? "As minhas memórias em relação a jogadores como Rúben Dias e outros são poucas mas marcantes, porque já fui apanha-bolas enquanto jogavam na Youth League e na equipa A, já fui apanha-bolas no Estádio da Luz e quando os via lá, eles que já passaram na fase em que eu estava naquele momento, dava sempre uma motivação extra. Se conseguiram chegar lá eu também haverei de poder chegar. Foi sempre assim. Certamente trabalhavam muito para chegar aquele nível, também quis seguir os passos deles e vê-los em grandes equipas na Europa e a conquistarem muitos títulos, como Rúben Dias, que já conquistou a Champions, também é um sonho meu."
Sente que pode ser, juntamente com António Silva, um modelo para outros? "Creio que sim, sinto muito o carinho dos jovens atletas que estão no Benfica Campus. Isso dá-me um orgulho imenso. Já tive jogadores da equipa A como ídolos e saber que posso ser um ídolo de pelo menos um jogador da formação é muito bom."
Quando vão para jogos da Liga dos Campeões a equipa da Youth League também vai convosco. Qual a importância da Youth League e da integração gradual? "Ainda nem há um ano estava a fazer isso, fui com a Youth League a Turim, a Haifa e a Paris e é sempre bom para quem está na Youth League ver a equipa principal a jogar. Apesar de não passarmos o dia juntos, aquele bocadinho de ver a equipa A a jogar faz-nos o dia."
Como vê o futuro do Benfica? "O futuro do Benfica está assegurado. Ter muita gente com muito qualidade junta numa formação de uma equipa é sempre importante. Penso que se trabalharem e mantiverem a qualidade, desenvolvendo, há muitos jogadores que podem chegar cá."
Foi titular em todos os jogos europeus este ano. Como a equipa ajudou-o a integrar neste papel como titular? "Tenho a sorte de dizer que a minha integração na equipa A do Benfica foi fácil devido aos jogadores que me apoiaram, às pessoas. O facto de ser titular ou suplente é uma escolha do míster. Qualquer que seja a escolha tenho de aceitar da melhor forma. Mesmo que vá para o banco tenho de aproveitar os minutos que possa estar lá dentro e se jogar a titular tenho de pensar que os que estão lá fora, como eu também já estive, era para aproveitar a minha oportunidade. Quando estou lá dentro tenho de dar o melhor de mim para estar mais tempo em campo."
Já referiu admiração por Iniesta, revê-se nele como jogador? O que signifca? "É um jogador de altíssima qualidade a nível mundial. Vejo em mim coisas em que possa ser semelhante a ele, mas o que vejo nele é o que também gostava de ser. Um jogador talentoso, pode passar despercebido nas redes sociais, o que não me importa nada, mas em campo era um monstro."
Qual a importância dos jogadores da formação como titulares, como João Neves e António Silva? "É a personificação de um adepto dentro de campo, é passar a mística do Benfica dentro de campo. Tentamos dar o máximo de nós e fazer jogar. Para que miúdos da formação que nos vejam jogar queiram ser como nós."
Número 87: "Não foi uma escolha a dedo, tinha uma lista de números para selecionar e foi o que mais gostei."
Qual a sensação de ser olhado já como elemento importante do plantel? "É sempre muito bom, motivo de orgulho ser olhado com olhos de carinho e de gosto. Tenho de manter para continuar assim."
Até onde pode ir o Benfica na Liga Europa? "Se jogarmos o nosso futebol, com as nossas ideias de jogo, depende de nós para irmos o mais longe possível."
Quais os pontos fortes do Marselha, como vê os jogos e a eliminatória? "Vejo um jogo bem jogado. São duas equipas de alta qualidade a nível internacional, têm os seus pontos fortes, mas primeiro temos de olhar para nós e pôr em prática o nosso jogo. As primeiras três opções é olhar para nós e só depois para o adversário. Só dependemos de nós."
Em Toulouse teve o apoio dos adeptos, que cantaram por si, depois de ter perdido a sua mãe. Qual o papel dos adeptos? "O último jogo que fiz em França foi muito emotivo para mim, de devido valor, como todos sabem, não é segredo para ninguém. Foi um jogo muito renhido, de alta dificuldade, não esperamos outro desfecho em Marselha. Esperamos ter o apoio de todos os adeptos lá."