Hélder, médio dos minhotos em 94/95, perentório sobre o futuro de Moutinho. Carlos Fernandes fala em decisão de cariz pessoal. Moutinho decidiu o primeiro Sporting-Braga em que alinhou, há 20 anos. Agora peça nuclear do Braga, espera melhor sorte contra a ex-equipa, depois do ruinoso 5-0 em 2023/24.
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Praticamente 20 anos decorreram sobre a primeira vez que Moutinho viveu um Sporting-Braga, defendia os leões. Era caçula, mas já decidia. Foi a 7 de maio de 2005 que o menino de 18 anos forjava assinatura com um remate oportuno, após assistência de Abel Ferreira, numa alegria de fecho de época. Agora com 38, posicionando-se do outro lado da barricada, Moutinho tem um 5-0 para apagar da época passada. Após lesão que o afastou algum tempo, tem jogado ininterruptamente desde meados de janeiro e a melhoria dos guerreiros assenta nesse pêndulo. Hélder Batista, médio do Braga em 1994/95, tem essa perceção. “Vendo os jogos que faz anualmente, cuida-se muito, o seu desempenho diz tudo. É uma mais-valia no campo e no balneário pela experiência e vivências. Já viu de tudo, sabe o que fazer a cada momento, coloca paciência na equipa”, elogia o antigo adjunto de Pedro Caixinha.
Carlos Fernandes era lateral-esquerdo do Braga quando Moutinho sinalizava credenciais e resolvia essa partida de 2005. “Faltou-nos respeitar mais o miúdo e ele teve a felicidade de marcar e decidir”, graceja o atual técnico do União Santarém, que se formara no Sporting. Ficou impactante admiração ao primeiro contacto… “Naquela altura, se conquistavas esse espaço, tinhas de ser muito acima da média. Foi o que o João demonstrou desde o primeiro momento, um conhecimento do jogo como poucos, a sua relação com a bola, de um atleta que joga e faz jogar, sem perdas”, vinca, completando. “Alguém difícil de desarmar com um jogo aéreo surpreendente para a sua altura. A equipa ia atrás do seu nível”, elogia Carlos Fernandes.
Hélder salta para a influência de um médio, imune a mutações. “Olha-se e está ali a mesma vontade, não dá bolas como perdidas e tem sempre discernimento no passe. Já era maduro com menos idade, tem uma grande percentagem de acerto em tudo o que faz”, gaba e ainda brinca. “Eu era um tambor, ele é violino”. Por sua, vez, Carlos Fernandes acentua a disponibilidade de Moutinho na alta roda. “Vejo o mesmo ‘menino’ a querer ganhar todos os lances. Um autêntico privilégio vê-lo, cuida-se a um nível de eleição”, atesta, tocando na mentalidade. “Só gere expetativas altas, de vitória. Sai do Sporting pelos motivos certos, que caraterizaram a sua carreira: querer ganhar. Por isso fez-se elemento-chave de uma das melhores equipas de sempre do FC Porto, quase imbatível”, nota.
Carlos Fernandes e Hélder são perentórios e Moutinho vende vitalidade. “O Braga ganhou muito com ele, é super-regular. Se fosse presidente, renovava já por mais um ano. No caso do João, os 38 anos são preciosos, não o fazem ser julgado”, atira o antigo médio. O ex-defensor do Sporting e Braga também antevê um futuro transparente do internacional português. “A sua continuidade será sempre em função da sua condição. Pelo que conheço do Braga, do seu treinador e do presidente Salvador, será o João a decidir.”