O primeiro classificado entre os delegados da Liga assume-se como um apaixonado pelo futebol. Jogou, foi dirigente do Leixões - clube com o qual não se cruza em funções - diverte-se como um miúdo e trabalha como um profissional.
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"Para mim, o futebol é tudo". Aos 37 anos, João Moreira continua a falar da modalidade como se ainda fosse o miúdo que "ouvia o hino da Liga dos Campeões e ficava arrepiado" ou o que "fazia todas as coleções de cromos".
Jurista de formação, é delegado da Liga de corpo e alma e foi o primeiro classificado da época passada. "É um orgulho enorme", assumiu, este sábado, à margem do décimo curso de formação de delegados da Liga.
Natural de Matosinhos, o sonho dele "sempre foi estar ligado ao futebol". Jogou à bola, ainda "muito novo" foi dirigente no Leixões e foi como delegado que encontrou o espaço em que se revelou craque, como atesta a avaliação da entidade que gere os campeonato profissionais.
Muitos poderão questionar a atração pelo papel de delegado - o personagem que representa a Liga nos jogos ou, na perspetiva mais estreita do jogo inflamado, aquele que aponta quantos palavrões são ditos e repetidos na bancada, para depois o Conselho de Disciplina fazer contas às multas.
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Esse é João Moreira, no entanto, no discurso dele, e nos poucos minutos em que foi possível espreitar a ação de formação, na sede da Liga, o assunto é muito mais interessante.
"Uma das alegrias é poder viver a semana de preparação de um clássico. Para mim, é impagável. A minha família sofre um bocadinho, porque durante aquela semana só vivo aquilo. Lamentavelmente, ou não, para mim, todos os jogos são grandes", contou, entusiasmado.
Os delegados são os coca-bichinhos do jogo, aqueles a quem compete verificar os mínimos detalhes nas regras da organização de cada partida das provas profissionais: dos equipamentos à relva ou ao estado das instalações, tudo passa por eles.
Para o desempenho da tarefa, contam com o e-Liga, a ferramenta digital que a Liga desenvolveu e trata de aperfeiçoar, a cada temporada. Na próxima, os delegados terão uma aplicação ainda mais completa para simplificar e otimizar a recolha e envio da informação, conjugada com árbitros e delegados das equipas.
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João Moreira é do tempo em que os relatórios eram enviados por fax e não tem dúvidas de pertencer à equipa dos delegados que "mais bem preparados se encontram para as exigências do futebol nacional".
"Esta é uma época de consolidação dos últimos quatro anos. E-Liga facilitou sobremaneira a função dos delegados. Eu ainda apanhei o preenchimento de relatórios em papel, tudo era muito mais difícil", recordou.
Para o delegado, é "maioritariamente, paixão" o que move esta equipa de 36 elementos, quatro dos quais estreantes. Ser delegado implica um "elevado prejuízo familiar", avisou.
"À noite, ainda nos dedicamos a preparar os jogos como se fôssemos treinadores, temos de saber tudo; depois, há viagens, regressos tardios", acrescentou, com um brilho nos olhos a desmentir quaisquer obstáculos nesta carreira que ainda poderá conduzi-lo a palcos internacionais. Sem bola, mas entranhado no futebol. Como sempre sonhou.