"João Mendes ainda pode dar mais um salto, qualidade não falta nem nunca faltou"
Paulo Monteiro recorda os remates e os muitos passes açucarados de João Mendes, médio do Vitória acabado de receber distinção de golo no mês, então figura nos juniores do Gondomar em 2012/13...e também lá andava Jota
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O golo de João Mendes ao Braga, a abrir o ano e a selar quando menos se esperava o empate (1-1) do Vitória na Pedreira, foi um momento que simbolizará a época do conjunto de Guimarães e o reinado apaixonado de Álvaro Pacheco, até por conta de um foguete espetacular que fez disparar as pulsações dos vitorianos e congelou as dos bracarenses.
A pintura espetacular do médio teve já a sua coroação como golo do mês de janeiro, distinção mais saborosa por resultar do estrelato no palco mais hostil aos conquistadores, que pertencerá, seguramente, aos registos mais belos que serão vendidos do rescaldo da Liga de 2023/24. Quem aplaudiu esse golo, um disparo direito ao espaço celestial, foi Paulo Monteiro, companheiro de Mendes nos juniores do Gondomar em 2012/13. A atuar no Cinfães, na AF Viseu, o avançado era o grande goleador então servido pelo médio, agora no Vitória, que percorreu caminho saído das divisões inferiores até chegar à Liga, recuando a uma equipa que contava ainda com os rasgos de um miúdo imparável, de 16 anos, chamado Diogo Jota.
"O João chegou na segunda metade do nosso último ano de juniores e vinha rotulado como craque da formação do Leixões. O rótulo estava bem aplicado, isso logo vimos, pela qualidade no remate e a visão de jogo, que era bem superior", descreve Paulo Monteiro. "Todos anteviam futuro promissor, que jogaria nos maiores palcos nacionais, até porque contava com a experiência do pai, que também lá andou. Foi uma ligação boa de início e com o tempo gozei de muitas assistências dele. Apesar das qualidades diferenciadas que tinha, sempre foi humilde no grupo. Ainda hoje lhe transmito felicitações regulares e ele responde sempre", destaca o avançado que trocou recentemente o Fiães pelo Cinfães. E lembra-se de Jota, que fazia parte da mesma engrenagem.
"Era juvenil de segundo ano e estava a fazer uma época extraordinária. Como os juniores estavam a lutar pela manutenção, ele veio ajudar. Fazia os 90 minutos aos sábados pelos juniores, e os 90 aos domingos pelos juvenis. O Jota e o Mendes eram exemplos, focadíssimos para a idade que tinham", revela Paulo Monteiro, também nas nuvens quando viu aquele remate de João Mendes surpreender Matheus. "Estava a ver o jogo em direto e fiquei felicíssimo. Pode parecer cliché, mas nada me surpreendeu! O remate dele era uma arma temível em qualquer contexto. Batia muito bem as bolas paradas. Tenho pena que só tenha conseguido mostrar-se ao mais alto nível algo tarde. Mas nunca é tarde! Temos tido jogadores que chegam à Liga depois dos 30. O Mendes ainda pode dar mais um salto, qualidade não falta nem nunca faltou", ressalva