João Mário volta a Milão com novo estatuto e com registo de Cristiano Ronaldo na mira
A passagem pelo Inter não foi a melhor, mas o camisola 20 está de regresso a Itália e com a mira no registo de... Cristiano Ronaldo; O médio português está há quatro jogos consecutivos a marcar fora de casa na Liga dos Campeões, desempenho que tentará aumentar numa casa por onde passou, mas sem conseguir ter sucesso.
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Quando apanhar o avião, esta manhã, para Milão, João Mário vai estar a regressar a um país que o acolheu durante cinco anos. O médio português, que está a fazer a melhor época da carreira, não teve vida fácil em território italiano, mas volta com um novo estatuto: é um dos melhores marcadores do Benfica na presente temporada. Só na Liga dos Campeões são seis golos marcados em cinco jogos, quatro deles fora de casa, números que o podem colocar numa lista apenas ao lado de Cristiano Ronaldo.
Em Itália, João Mário não é, certamente, conhecido pela veia goleadora, já que com a camisola dos nerazzurri fez apenas quatro golos, numa passagem que ficou marcada por empréstimos e utilizações irregulares. A oportunidade de representar os italianos surgiu depois de duas épocas bem sucedidas no Sporting, entre 2014 e 2016, em que cumpriu 45 jogos em cada temporada. O médio foi vendido ao Inter por 40 milhões de euros mais cinco em objetivos. Valores que fizeram criar expectativas sobre a sua chegada ao clube italiano. Porém, os cinco anos em que esteve contratualmente ligado ao Inter não foram o que os euros prometiam. No primeiro ano em Itália, o português foi utilizado em 33 jogos e chegou a marcar três golos, mas a meio do segundo ano de contrato, João Mário acabou por ser emprestado aos ingleses do West Ham, em 2017/18. Na época seguinte, regressou ao Inter, mas não segurou lugar no onze titular, participando em 22 partidas, o que resultou, no ano seguinte, num novo empréstimo, desta feita, para o Lokomotiv Moscovo.
Na Rússia, também não jogou tanto como pretendia e, na temporada seguinte, voltou ao Sporting, ainda por empréstimo do Inter, para ser campeão nacional pelos leões. No final da época, o agora camisola 20 das águias rescindiu contrato com o clube italiano e assinou pelo Benfica a custo zero, numa troca que gerou contestação em Alvalade.
É atualmente com a camisola encarnada que João Mário está a alcançar os melhores registos da carreira com 23 golos marcados, esta época. Na Liga dos Campeões, o sub-capitão tem sido um dos trunfos de Schmidt e pode chegar, amanhã, a um registo conseguido por Cristiano Ronaldo, em 2017/18: cinco jogos consecutivos a marcar fora de casa no atual formato da competição. Melhor só mesmo Lewandowski, em 2019/20, que fê-lo em seis encontros. Depois de já ter deixado marca frente ao Maccabi Haifa, PSG, Juventus e Club Brugge, se o fizer no Giuseppe Meazza, um estádio que tão bem conhece, o médio inscreve o nome nesta lista exclusiva e pode ajudar o Benfica a tentar recuperar da desvantagem de dois golos que averbou na Luz e sonhar com a passagem à meia-final.
Um reforço fora da caixa em Itália
* Opinião de Iacopo Iandiorio, jornalista da "Gazzetta dello Sport"
João Mário foi um fracasso no Inter? Podemos dizer que ele não teve sorte. Em 2016, quando chegou, o Inter tinha acabado de trocar de proprietário, de Erick Thohir para Steven Zhang. E também de treinador. O neerlandês Frank de Boer foi contratado após a segunda passagem de Roberto Mancini pelo clube. E depois de 11 jogos no campeonato foi despedido, com o Inter em 13º lugar, em crise. Depois seguiram-se outras três mudanças de treinadores (Vecchi-Pioli-Vecchi). Para João Mário foi a temporada em que mais jogou no Inter, mas não se impôs muito.
No ano seguinte surgiu Luciano Spalletti (agora no Nápoles), mas havia um problema de fundo: qual seria o papel de João Mário? Jogar a ala, centrocampista (nº.8) ou médio-ofensivo? Ele é lento para o campeonato italiano, João Mário é um jogador menos físico e mais talentoso, com boa técnica, mas o futebol em Itália é muito físico. Ele não parecia ter as características certas para a jogar na Serie A.
Adora jogar em espaços apertados, com toques e trocas, para organizar o jogo, mas em Itália o médio-ala (ou extremo) tem que correr e cobrir até na defesa, desarmar e ajudar o defesa-central. Não há mais espaço para o médio-ofensivo (o maestro, o "10", o cérebro), então ele perdeu a confiança e Spalletti utilizou-o cada vez menos.
Em suma, como dizem em Itália, houve incompatibilidade tática... Até por isso, penso que agora será recebido com relativa indiferença.