João Mário nos planos de Schmidt: "Foi dos melhores do Benfica e parece que ninguém se lembra"
Roger Schmidt conta com João Mário, a quem já ligou para transmitir as suas ideias para 2022/23. Vai ganhar mais influência. Treinador alemão pensa no camisola 20 para desempenhar várias missões. Novo responsável técnico vê jogador capaz de alinhar como segundo centrocampista, como 10 ou como interior direito.
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João Mário terminou 2021/22 de forma apagada e sem espaço nos principais planos de Nélson Veríssimo, mas com a chegada de Roger Schmidt à Luz o médio-ofensivo prepara-se para ter mais espaço. Segundo apurou O JOGO, o novo técnico das águias conta com o internacional português para a nova temporada e pensa dar uma maior preponderância ao médio-ofensivo na equipa em 2022/23.
O técnico alemão aproveitou mesmo já para telefonar ao camisola 20 benfiquista para transmitir-lhe não só a sua confiança nas capacidades do atleta como também para indicar-lhe o que planeia para o jogador.
Roger Schmidt fez questão de passar uma mensagem de incentivo, explicando ao futebolista que este terá direito a uma maior influência na equipa, ao contrário do que sucedeu na segunda metade da temporada que agora termina. O ex-responsável técnico do PSV aprecia as características do jogador de 29 anos e, de acordo com as informações recolhidas pelo nosso jornal, este prepara-se para ganhar novo peso no Benfica também face ao facto de Schmidt considerar que pode desempenhar várias posições e funções na equipa.
Assim, e numa altura em que os dirigentes encarnados ainda procuram reforçar o plantel tendo em vista a nova temporada com mais opções, Roger Schmidt pensa em João Mário como um jogador capaz de alinhar em três postos diferentes. Se por um lado vê o camisola 20 como opção para segundo médio no centro do terreno - posição desempenhada aliás muitas vezes por João Mário em 2021/22, sobretudo com Jorge Jesus -, o agora treinador do Benfica encara João Mário também como solução para jogar como 10, à frente da dupla do meio-campo e no apoio ao ponta de lança, ou até como interior direito, funcionando como um falso extremo.
Isto porque na ótica de Schmidt os laterais (neste caso Alexander Bah como principal candidato à titularidade na direita, face ao investimento no ex-Slávia Praga) funcionam muitas vezes como autênticos extremos, assumindo a responsabilidade de subir e atacar o flanco, permitindo assim que os colegas mais adiantados possam explorar zonas mais interiores.
Contratado após um investimento de 5,5 milhões de euros, após desvincular-se do Inter, João Mário viveu em 2021/22 uma temporada de altos e baixos. Tendo chegado à Luz por indicação de Jorge Jesus, seu antigo treinador no Sporting, o médio assumiu-se como indiscutível na primeira metade da época, disputando 28 encontros até final de 2021, 25 deles como titular. A partir de janeiro, e depois da troca de técnicos, o peso na equipa caiu de forma dramática, pois acabou por ser utilizado apenas em 17 partidas e com oito jogos disputados como opção no onze.
Disposto a manter-se na Luz, onde ingressou após ter jogado no ano anterior no Sporting, por cedência do Inter, e dar provas da sua qualidade, visando assim a afirmação na estratégia de Roger Schmidt, João Mário finalizou 2021/22 com 2953 minutos, com quatro golos e sete passes decisivos. E apesar da quebra na segunda metade da temporada, o médio fechou a época com um total de tempo de jogo que não alcançava desde 2015/16, a melhor da carreira: fez 3598 minutos, marcou sete golos e fez dez assistências.
3 questões a João Aroso, treinador de futebol
1 - Roger Schmidt pensa em dar protagonismo a João Mário na nova época. Considera que este pode ter peso com Schmidt, que pensa nele para várias posições?
-João Mário já demonstrou em vários contextos a capacidade para jogar em várias posições. É um jogador de enorme qualidade e categoria. Demonstrou-o no Sporting e na primeira fase no Benfica. Foi dos melhores do Benfica e de repente parece que já ninguém se lembra. Muitos sublinhavam ser importante até em comparação com Taarabt por perder menos bolas. Foi muito penalizado, para mim injustamente, pelo mau resultado com o Boavista. A equipa já estava em quebra.
2 - Das três posições em que Schmidt pensa utilizar João Mário onde admite que este pode ter maior rendimento?
-Depende muito dos outros jogadores que existem à sua volta, pois geram-se pequenas sociedades entre os jogadores que não se podem desvalorizar. Agora, gosto mais de João Mário a ver o jogo de frente, mais como 8 ou na posição de ala, em que com bola procura zonas interiores para construir, fechando o flanco depois a defender.
3 - João Mário tem sete golos como máximo na carreira. É um jogador a quem faltam golos?
-Se calhar nunca jogou numa posição tão avançada que lhe permita marcar muitos golos. Agora, é um jogador que não tem tanto essas características. É mais um jogador de construção, de passe do que de finalização. Não é um jogador que apareça muitas vezes em zonas de finalização, por isso também marca menos.