João Mário tem números superiores a atacar, enquanto Matheus Nunes é mais ativo na hora de tocar a defender. O jogador dos leões tem tido mais tração atrás e das águias à frente. São diferenças claras reveladas pelos números alcançados nas partidas por ambos realizadas até agora na I Liga
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Previsíveis titulares no dérbi desta sexta-feira, João Mário e Matheus Nunes têm revelado características bem distintas um do outro: enquanto o benfiquista tem tido melhores registos na fase ofensiva do jogo, o sportinguista tem sido mais ativo na fase defensiva. Assim o indicam os dados estatísticos que O JOGO analisou em relação aos desempenhos de ambos nos encontros que esta época disputaram na I Liga.
As diferenças são claras e estão à vista, conforme se depreende da observação da infografia em cima. João Mário tem sido, de forma genérica, mais interventivo nos jogos, reunindo uma média superior de ações totais por jogo. O que se deve não apenas ao seu poder de iniciativa e à vontade que denota em assumir a ligação entre a defesa e o ataque, mas também de forma natural, uma vez que é um jogador mais procurado pelos companheiros de equipa do que aquilo que tem acontecido com Matheus Nunes: enquanto João Mário recebe uma média de 45 passes por cada jogo realizado pelas águias, Nunes é procurado (em média) 32 vezes pelos colegas leoninos.
O camisola 20 dos encarnados denota igualmente maior sentido de baliza e objetividade, o que se constata nos passes seus que encontram companheiros em condições de rematar (2,3 por encontro contra 0,5 de Matheus) ou simplesmente nos passes para o último terço do terreno (8 contra 5, em média arredondada).
E, de acordo com os números, o "box-to-box" das águias tem feito mais e melhores passes, assim como tem sido mais influente no desenvolvimento de jogo ofensivo da sua equipa. Ilações conferidas pela interpretação dos dados, sempre suscetíveis de serem influenciados por diversos fatores como, por exemplo, a diferença de adversários que uma e outra equipa encontraram até agora.
Mas parece inegável, por outro lado, que Matheus Nunes apresenta vincada superioridade nos índices defensivos do jogo. Se somarmos interceções, recuperações de bola e alívios para longe, o sportinguista consegue somar uma média superior em 25 por cento ao benfiquista (10 por jogo, contra 8). Os dados estatísticos desta época indicam ainda que Matheus tem sido um jogador de choque, que procura mais o duelo e que, nesse item, tem também médias superiores a João Mário.
O atleta leonino entra em mais de 50 por cento dos duelos do benfiquista (28 contra 18), ganhando também um número bem maior (14 contra 9) de entre eles. A mais elevada participação em duelos é também explicada por um maior risco na posse e no drible. Matheus sofre mais faltas e, ao mesmo tempo, perde mais bolas (10 contra sete) por jogo.
Águia vence em mais parâmetros
Dos 36 itens estatísticos (nem todos representados em cima) que O JOGO analisou em relação aos desempenhos de João Mário e de Matheus Nunes nos jogos da I Liga realizados esta temporada, o benfiquista teve médias positivamente superiores em 22, enquanto o jogador dos verdes e brancos apenas se superiorizou em 12. Duas igualdades perfazem o somatório.
No entanto, se dividirmos os itens em ataque, passe, defesa e duelos, o benfiquista vence nos dois primeiros enquanto Matheus Nunes tem melhores números na defesa e nos duelos, de forma geral.
Dois "oitos" em crescimento
Quando um era o titular e o outro o suplente... Falamos da época passada, claro, quando João Mário era a companhia preferencial de Palhinha enquanto Matheus Nunes ia aguardando as suas oportunidades (que as teve) e fazendo por merecer a confiança de Rúben Amorim.
O médio do Sporting participou em todos os 21 jogos que a equipa realizou esta época e quase todos eles a titular, com a exceção de dois, frente ao Belenenses (Taça) e Moreirense (Liga). E a diferença para a época passada não é tanto no número de jogos, mas sim quanto a titularidades e minutos realizados. Aí sim, a diferença é substancial, com o jogador nascido no Brasil a ter mais nove partidas a titular e quase o dobro dos minutos.
Uma diferença que se interliga precisamente com o outro "ator" deste filme, João Mário, que na época anterior lhe tapava o lugar na maioria das vezes. Quanto a intervenção direta nos golos da equipa, os números de Matheus Nunes são praticamente os mesmos (só mais um passe decisivo), o que significa que não é pelo facto de ter o dobro dos minutos que marca ou faz mais assistências.
Também João Mário tem mais minutos e titularidades nos 24 jogos desta época do Benfica, se compararmos com os primeiros 24 encontros leoninos da época transata. E se em 2020/21 tinha feito uma assistência para golo em todas as provas, na atual já soma três, duas delas na Europa: uma frente ao Spartak, para Rafa Silva abrir o ativo em Moscovo, jogo que as águias venceram por 2-0; e a outra em Munique, numa jogada em que lançou Darwin para o segundo golo do Benfica, que perdeu por 5-2. Quanto a golos (tem mais um agora), apontou ambos da mesma zona, à entrada da área, sobre a direita: frente ao Spartak (na Luz) numa recarga e em Guimarães numa jogada de contra-ataque fechada com um tiro rasteiro.
O único golo de Matheus Nunes, diga-se, não podia ter sido mais fácil, já na pequena área e sem a oposição do guarda-redes do Arouca, que saiu derrotado por 2-1.