André Charuto, padrinho do jogador do FC Porto, detalha a O JOGO como o afilhado deu a volta à "fase complicada" que atravessou esta época. "Jogo de Alvalade confirmou o quão bom é", refere.
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Se há pouco mais de três meses se dissesse que esta época seria a melhor de João Mário a nível individual, poucos acreditariam.
Depois de andar arredado do onze do FC Porto durante o mês de outubro, na sequência de algumas exibições menos conseguidas, o lateral direito reentrou nos eixos a partir de novembro e agarrou de vez o lugar.
Em 2022/23, já fez oito assistências, apontou um golo e, a julgar pelo momento superlativo que atravessa, não vai ficar por aqui. Por trás deste "renascimento" esteve o "clique mental" que surgiu quando o camisola 23 dos dragões sentiu que "estava a perder o comboio". "Este é o João que sempre conheci: trabalhador, explosivo e fortíssimo no um para um. Passou por uma fase complicada, mas deu a volta por cima, sentiu ali um clique. Na família, sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, acabaria por acontecer", afirma a O JOGO André Charuto, tio e padrinho do jogador, que recorda as palavras de João num jantar de família. "Lembro-me de o ouvir à mesa: "Vou ter que dar a volta a isto, vou para os treinos rebentar com tudo. Vou dar tudo.""
Foi à terceira temporada a tempo inteiro no plantel principal que João Mário, de 23 anos, encontrou o maior obstáculo. "Quando a equipa esteve menos bem, depois das derrotas com o Rio Ave e o Brugge, por exemplo, o João foi um dos que pagou a fatura. Passou por três semanas muito difíceis. A par do Marcano e do Bruno Costa, foi dos mais crucificados. Não escondo que sentiu dificuldades para superar esse momento menos bom", lembra André Charuto. Nessa fase, Pepê e Rodrigo Conceição ultrapassaram o natural de São João da Madeira na hierarquia. Aí, deu-se o tal clique. "Foi quando viu que tinha dois jogadores à frente dele que sentiu que tinha de mudar a situação. Ficou na bancada e percebeu que estava a ficar para trás", conta o ex-treinador de futebol.
A fase de grupos da Taça da Liga, disputada durante o Mundial, foi o ponto de viragem. "O FC Porto estava a perder [0-2] com o Mafra e ele entrou ao intervalo. Na altura, pensei que era o momento certo para aparecer. Mas em Chaves é que foi decisivo. Foi titular, fez uma assistência e ganharam 2-0. A recuperação aconteceu aí", assevera o familiar do lateral, que também beneficiou da "grande exigência" de Sérgio Conceição. "Por aquilo que o João me diz, é isso mesmo que marca a diferença entre o míster Conceição e os outros treinadores. Quem treinar bem, joga. Posso dizer, aliás, que quando João saltou da equipa B para a principal, sentiu um choque de realidade. O clube era o mesmo, mas o nível de treino subiu imenso. Precisou de algum tempo", detalha André Charuto.
Com a titularidade alicerçada e a má fase no retrovisor, João Mário deu seguimento ao bom momento no clássico de domingo, contra o Sporting. "O jogo de Alvalade confirmou o quão bom é. Nestes jogos grandes é que se vê", diz, revelando ter deixado conselhos ao afilhado. "Já lhe disse que mais difícil do que chegar ao topo é ficar lá. Mas ele está a conseguir. E nós estamos orgulhosos, porque era isto que ele mais desejava", remata, entre sorrisos.