João Mário: "Aprendemos com o ano passado que não chega jogar bem. Na Luz, o bom não chega"
Entrevista de João Mário aos meios oficiais do Benfica
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Como é que se vive no balneário do Benfica? "Muito bem, o ambiente é muito saudável. Já o era no ano passado. Tentamos sempre adaptar bem os novos jogadores. É um plantel bastante jovem neste ano, é uma certeza, mas, quando trabalhas com tanta qualidade e com pessoas que estão sempre dispostas a ajudar o Benfica, fica mais fácil para todos. O nosso plantel neste ano, apesar de jovem, e por aquilo que tenho visto nos treinos nesta fase inicial, é um plantel com muita qualidade."
De que forma é que está a correr esta pré-época? "A pré-época é sempre muito exigente. É uma altura em que temos de trabalhar muito a questão física. Temos grandes ambições para este ano, estamos a trabalhar no máximo. Sinto um grupo saudável, que acho que é o mais importante para começar a construir as bases para este ano. Sinto um grupo com muita vontade de ganhar títulos neste ano e tenho a certeza de que este grupo estará muito bem."
De que forma é que podes fazer a diferença no estilo de jogo do Benfica? "Nunca gostamos muito de falar de nós, mas acima de tudo, também vendo um pouco agora como o plantel está, muita malta jovem, tento sempre ser uma referência, madura neste caso. Independentemente da posição, da dinâmica, tudo o que tento é sempre puxar as minhas qualidades individuais para aquilo que é a ideia do míster, e conheço bem as ideias, já trabalhamos juntos há algum tempo. Vendo muito este plantel e a maneira como está a ser construído, é tentar sempre ser uma referência positiva e madura no seio."
Com que mentalidade é que se entra nesta nova época? "Só pode ser uma, porque jogamos sempre para competir. Todos os anos somos candidatos a tudo, e só há uma mentalidade, que é vencer, vencer, vencer, porque é uma obrigação. Aprendemos com o ano passado que não chega jogar bem, não chega ganhar uma vez, não chega ganhar a Supertaça, tens de ganhar e competir sempre até ao final."
Como é que se ensina a mística a gente nova que chega? "Uma das mensagens que tento sempre passar a quem chega é que a exigência é grande no Clube. Estamos a ganhar 1-0, os adeptos querem o 2-0; estamos a ganhar 2-0, querem o 3-0; ou seja, não se contentarem com o bom. Aqui, o bom não chega; no Estádio da Luz, o bom não chega. Então, convém que se vá passando uma mensagem a quem chega que temos de andar sempre no limite. Temos de ir além dos limites, porque o nosso adepto – seja qual ele for, porque tenho respeito por todos os adeptos, toda a gente na equipa tem esse respeito – é de exigência, então não adianta cultivarmos uma mensagem de que o bom chega. Não. Temos de estar próximos de valores excelentes, e essa é a mensagem que tento passar muito. Depois, também uma mensagem de união, porque sentimos que se estivermos todos juntos, os adeptos fazem muita diferença. E fazem mesmo, especialmente nos jogos em casa, mas nós jogamos quase sempre em casa. No ano passado tivemos a experiência de alguns jogos fora, até nas competições europeias, de não ter os adeptos, e sentimos essa falta. Portanto, todos juntos a remar para o mesmo lado será sempre mais fácil. Se está 3-0 ou 2-0 e fazemos um passe para trás, continuam a assobiar, porque é a responsabilidade, passam essa exigência para a equipa. Posso dar um exemplo claro: lembro-me que o primeiro feedback que tive de alguém das bancadas quando fiz o hat-trick com o Inter não foi "parabéns", foi "vamos ao quarto". Tinha feito um hat-trick na primeira parte e ninguém me disse "parabéns", mas sim para ir para o quarto golo. Esta é a exigência do Benfica. Falamos sempre em individualidades, o Benfica vai ter sempre grandes individualidades, e as pessoas vão gostar sempre. Mas é sempre difícil ganhar, porque aqui não basta ganhar um jogo, não basta ganhar 10 jogos, tens de ganhar o Campeonato, tens de lutar nas competições, ganhar as Taças. Não conheço nenhuma equipa que consiga esses objetivos sem ser um coletivo forte."