Lateral-direito vai para o nono jogo seguido como titular na liga. Há um ano que não desfrutava de tanta regularidade
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Como lateral, como extremo ou em zonas mais interiores do meio-campo, João Mário tem jogado com uma regularidade no campeonato desde a entrada de Martín Anselmi como não se via desde a parte final da época transata. Se nada de anormal acontecer entre hoje e amanhã, o lateral-direito cumprirá o nono jogo consecutivo como titular, sequência que somara pela última vez entre 28 de janeiro e 30 de março de 2024.
O internacional português conseguiu acertar o passo e afirmar-se perante a concorrência de Martim Fernandes, com quem dividiu os minutos na primeira metade da temporada, encaixando como uma luva no sistema que o técnico argentino insistentemente tem procurado implementar nos azuis e brancos. “Quando um treinador acredita num jogador, por vezes dá-lhe mais tempo e oportunidades mesmo quando este não corresponde a 100%. Mas acredito que esta regularidade tem que ver com o processo de maturação do João [Mário], a sua evolução, o tempo que leva na equipa principal e a identificação que tem com as ideias do treinador”, afirma a O JOGO Luís Gonçalves, que moldou o então extremo na formação dos dragões.
O passado de João Mário como jogador de ataque, de resto, faz Gonçalves acreditar que o 3x4x3 de Anselmi favorece as características do agora lateral. “Nesta forma de jogar, é muito importante que os jogadores que atuam nessas posições tenham a capacidade de recuperar em tempo útil, ou seja, que façam piscinas”, começa por explicar o técnico. “Mas, em termos ofensivos, não tenho a menor dúvida que favorece o João [Mário], porque lhe permite aparecer muito mais vezes numa posição de explorar o um contra um e de receber e combinar com colegas que estão no espaço interior”, aponta Gonçalves, que até nota “uma evolução da capacidade atlética” do defesa natural de São João da Madeira. “Parece que não tem uma fisionomia não muito forte, mas, a nível de resistência e de capacidade, sempre respondeu. Com o tempo e com os jogos, porque é a competição e os jogos que dão essa capacidade, o que se está a verificar é uma estabilização de João”, indica.
Líder entre os defesas nos cruzamentos
Embora o pendor ofensivo lhe seja reconhecido, João Mário ainda só rendeu uma assistência com Martín Anselmi. O lateral serviu Nico González para o golo do triunfo (1-0) contra o Maccabi Telavive, quando chegara ao jogo de estreia do argentino no FC Porto já com cinco ofertas. Contudo, não é por falta de tentativas que os números não têm aparecido. Afinal, o internacional luso é o defesa com a média de cruzamentos mais alta do campeonato (4,35) e o sexto mais eficaz da prova (43%). Estatísticas que levam Luís Gonçalves a perspetivar mais ações decisivas no futuro.
“As assistências vão acabar por aparecer”, antecipa o treinador, ainda que considere esta estatística relativa. “Entendemos por assistência um último passe para o jogador que faz golo e há muitas formas disso acontecer. Agora, se o volume de cruzamentos continuar, as assistências do João irão aumentar naturalmente”, reitera, lembrando que “esta ação foi um aspeto muito trabalhado na formação do FC Porto”.
Perante uma equipa que carece de líderes de balneário, O JOGO questionou Gonçalves se João Mário, por ser uma cria do Dragão e dos que mais anos levam no plantel principal, não poderia assumir mais esse papel. “Há muitas formas de ser líder”, começa por justificar o técnico, que sempre viu o lateral como “um jogador mais tímido, mais tranquilo, que ficava no seu espaço”. Isso, porém, não significa que não tenha essa capacidade. “Ele pode exercer essa influência mesmo sendo menos efusivo, através do exemplo, da forma de estar e pela forma aplicada como joga. Agora, não lhe peçam para ser aquele capitão que muitas vezes eleva a voz no balneário para chamar a atenção dos companheiros, porque não o vejo nesse registo”, completou.