João Alves fala em "vergonha" e ataca: "É preciso desinfetar o futebol português"
Treinador do Cova da Piedade assume discurso revoltado face à decisão da despromoção ao Campeonato de Portugal e dispara em várias direções.
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A despromoção do Cova da Piedade e do Casa Pia ao Campeonato de Portugal, aprovada na terça-feira pela direção da Liga, é "uma das maiores vergonhas do futebol português", afirmou esta quarta-feira o treinador dos piedenses, João Alves.
O técnico do penúltimo classificado da II Liga, no momento da suspensão provisória do campeonato, não escondeu o seu "sentimento de revolta" com a decisão, em declarações à assessoria de imprensa do clube, e sugeriu que, em vez de desinfetar a "coitada da bola que não tem culpa nenhuma", é preciso "desinfetar o futebol português dos interesses instalados há muitos anos".
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"Uma decisão vergonhosa que arrasa literalmente um clube e dezenas de profissionais. Um autêntico escândalo, promovido por um prepotente e por um subserviente com o beneplácito da sua respetiva corte dos 'yes men', os dois protagonistas que cozinharam de forma absurda, patética e nojenta o destino de dois clubes", disparou o "luvas pretas", sem nomear os "protagonistas" a quem se refere.
O técnico referiu que acha "correto o Nacional e o Farense subirem", mas questionou "onde está o demérito de quem desce" e lembrou que o Cova da Piedade e o Casa Pia foram os "dois únicos clubes penalizados em Portugal" pela interrupção das competições devido à pandemia de covid-19.
"Porque é que no Campeonato de Portugal não há descidas? O critério é só para a II Liga? Esta decisão é uma vergonha e viola claramente os princípios de ética do desporto e da própria sociedade. Gostava de ver se o FC Porto B e o Benfica B ocupassem os lugares de descida, se a decisão teria sido a mesma", insinuou o experiente treinador, de 67 anos.
"Incrédulo" com uma decisão que diz ser "brincar com a vida dos profissionais" de futebol, o treinador acusou ainda as "duas personagens" a que se refere de quererem "calar os clubes, oferecendo uns míseros euros em troca do seu silêncio" e de estarem a fazer "chantagem pura" numa atitude que classificou de "inqualificável".
"Não nos deixaram concluir o trabalho que iniciámos em janeiro e, agora, dão-nos esta facada pelas costas. Faltavam 10 jornadas para o final do campeonato, quase um terço dos jogos por disputar. Defendi muitas vezes o meu país, com a camisola da seleção, e o prémio que me deram foi esta decisão vergonhosa", lamentou o treinador contratado em janeiro pelo clube da margem sul do Tejo para tentar fugir aos lugares de descida.