
Jorge Jesus, treinador do Benfica
Gerardo Santos / Global Imagens
Jesus trabalhou plantel em competição com casos durante mais de 11 semanas, contra nove livres da doença.
De volta ao trabalho e ao banco de suplentes frente ao Famalicão, Jorge Jesus sublinhou que "a covid-19 arrasou totalmente o Benfica", falando de uma equipa "fantasma", até porque além dos jogadores, e dele próprio, o novo coronavírus afetou ainda praticamente toda a equipa técnica e departamento médico.
13326710
Se excluirmos a pré-época, período no qual Jesus trabalhou quase cinco semanas com um plantel livre de casos - o primeiro foi Svilar, anunciado a 13 de setembro -, o técnico encarnado tem sido muito condicionado ao longo da temporada. Isto porque no total, e desde o embate com o PAOK, a 15 de setembro, foram 81 dias (11 semanas e quatro dias) de competição com jogadores infetados, sendo que apenas André Almeida, lesionado, Samaris, Chiquinho e Rafa ainda não tiveram a doença, em contraponto com os 66 dias (nove semanas e três dias) livres de casos.
O arranque da época começou logo com a queda de um objetivo, face à eliminação da Liga dos Campeões, diante do conjunto grego, então orientado por Abel Ferreira (agora no Palmeiras, onde venceu a Taça Libertadores), num período em que o plantel tinha um caso de covid-19: o belga Svilar. No entanto, o jovem guardião não representou uma baixa de vulto nas contas de Jesus, pois tem sido a terceira opção. Além disso, também os desaires com Boavista e Braga foram com o plantel em pleno no que diz respeito ao novo coronavírus - dos habituais titulares, estavam de fora por questões físicas André Almeida, lesionado até ao final da época, e na altura baixa ainda relativamente recente, e Grimaldo. Os encarnados já contavam com percalços mesmo sem a covid-19 fazer ainda mossa no grupo, pois após a derrota com o Braga, à 7.ª jornada, estavam a quatro pontos do líder Sporting e no terceiro posto, a par dos arsenalistas.
Pontos e taças pelo caminho
As paragens de Weigl, Taarabt e Darwin devido à doença, no final de novembro, não fizeram estragos no Benfica, algo que se começou a verificar desde que Pizzi, a 22 de dezembro, acusou positivo - além do quarteto já referido anteriormente, só mais Pedrinho e Todibo também já tinham estado infetados, ainda antes de chegaram à Luz, sendo que o recém-chegado Lucas Veríssimo também já teve a doença. A partir daí, e começando com o desaire na Supertaça, por 2-0 com o FC Porto, no qual apenas o camisola 21 foi baixa, o Benfica, vendo os casos dispararem (contando com Pizzi foram 17 em cerca de um mês) somou cinco vitórias, quatro empates e três derrotas, perdendo ainda a Taça da Liga e passando de um atraso de dois pontos para o Sporting à 10.ª jornada, a última antes de se registarem novos casos de covid, para 11.
Depois de percalços ainda com o grupo em força, o técnico viu a situação agravar-se a partir de final de dezembro: desde 22 desse mês as águias venceram apenas cinco jogos em 12
No primeiro pico, os benfiquistas perderam dois pontos, face ao empate com o Santa Clara, enquanto no segundo pico, ainda mais grave, seguiram-se mais dois, fruto do empate com o Nacional, aos quais se podem ainda somar os três do desaire no dérbi de Alvalade. O desafio com o Sporting foi realizado no primeiro em que Vlachodimos e Everton, os últimos infetados, estiveram disponíveis, mas o brasileiro, ainda sem a melhor condição física, nem foi chamado, sendo que o próprio Jorge Jesus não pôde estar no banco.
A covid-19, face à paragem na competição desde março até ao início de junho, atrasando o final de 2019/20, condicionou o intervalo entre as duas temporadas, sendo que no caso das águias foram apenas oito dias de interregno, quando entre 2018/19 e 2019/20 tinham sido 43. No entanto, o tempo para trabalhar até aumentou ligeiramente. Jesus preparou 2020/21, nomeadamente o primeiro desafio, com o PAOK, durante 36 dias, enquanto na temporada anterior Bruno Lage teve 34 dias desde o regresso ao trabalho até ao primeiro desafio, a Supertaça, ante o Sporting. Já no que diz respeito a jogos de preparação, e incluindo mesmo os amigáveis à porta fechada, Lage tinha realizado nove desafios, enquanto Jesus testou a sua equipa por oito ocasiões para 2020/21.
