Jesualdo e os vermelhos ao Boavista: "Começamos a pensar que há falta de imparcialidade"
Jesualdo Ferreira volta a criticar a forma como algumas equipas de arbitragens têm dirigido os jogos do Boavista na Liga NOS
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Sobre o jogo com Marítimo: "Vamos entrar com o espírito de jogar uma final. Ficaram para trás quatro jogos, ultrapassadas quatro finais. Fomos muito mais rigorosos e capazes de conseguir o que queríamos nestes jogos do que nos anteriores. Este jogo é a sexta final que falta. Fizemos golos mais do que os que sofremos e conquistámos sete pontos, que é pouco para o que necessitamos, Mas temos consciência de que jogámos com adversários difíceis, Paços de Ferreira e Braga estão no topo da tabela, e com o Rio Ave... todos se recordam o que aconteceu. O Marítimo está a um ponto abaixo de nós, estamos na fase em que não se pode andar para trás, portanto vamos jogar as fichas todas neste jogo."
Momento: "O estado de espírito é bom, independentemente do resultado em Braga e dos acontecimentos que houve. Tenho a certeza de que vamos ser capazes de jogar a um nível ainda mais alto em relação ao do Paços e até do jogo com o Rio Ave. A expectativa é boa, mas será um jogo muito complicado que só poderemos ultrapassar com jogo de equipa."
Sobre os cartões vermelhos: "A nível europeu, só o Marselha tem dois mais cartões vermelhos do que nós, mas foi num jogo em que houve grande confusão, não teve a ver com a condução do jogo. Ser a equipa da Europa e em Portugal com mais cartões vermelhos, obriga-me a fazer uma reflexão maior sobre a questão e não vou fazê-la só sobre o Boavista, mas na generalidade do que são as arbitragens"
Os atuais árbitros: "Estive fora do país muito tempo e não assisti ao nascimento e crescimentos do atual quadro de árbitros que está a apitar na I Liga. São árbitros que seguem e conhecem as as regras do jogo e percebem os movimentos que têm de acontecer dentro da própria arbitragem e também percebi - e isso é uma ideia que tenho de há muitos anos - que qualquer liderança , para além de ter os conhecimentos para se liderar, precisa de algo que não está nas regras, que é o bom senso. Esse bom senso também tem a ver como os árbitros olham o jogo. Quando a equipa do Boavista não é nem de perto nem de longe violenta - quem me dera que tivesse sido mais agressiva - e tem o maior número de cartões vermelhos... Quando eu olho para o campeonato português percebo também que em muitos momentos fomos penalizados pela nossa incompetência, mas também fomos penalizados pela falta de bom senso dos árbitros."
O exemplo de Porozo: "A minha intervenção tem apenas um sentido pedagógico, sem o mínimo de toque de crítica, que fique bem claro. O jogo que aconteceu em Braga tem esta tónica bem marcada: o Porozo tem 20 anos, mas isso ao árbitro não lhe interessa. É um miúdo que a 20 segundos da segunda parte faz uma falta que dá penálti - foi para o árbitro, mas não para o VAR, - e vê um cartão amarelo, que aqui me parece perfeitamente correto, porque impediu, com falta sem jogar a bola, um lance de golo. Cinco minutos depois, o mesmo Porozo que se desloca da zona central até à linha lateral, faz uma falta em que toca na bola e no adversário, é punido com um segundo amarelo e consequente vermelho. A pergunta que fica no ar é se valeria a pena dar aquele amarelo. O jogo ficou estragado, o Boavista ficou em inferioridade e em dificuldades."
Falta de imparcialidade: "Já assistiu a outros momentos, em que numa falta daquelas o árbitro foi capaz de dizer ao jogador 'que para a próxima vais embora, portanto, modera lá a tua agressividade' e não saiu o amarelo. Quando isto não acontece dentro de um quadro do bom senso, começamos a pensar que há aqui falta de imparcialidade. Há árbitros seguidistas e há árbitros que seguindo as regras são capazes de a colocar de forma diferente e amenizar os problemas, sendo rigorosos na mesma, sabendo medir as suas intervenções técnicas e disciplinares. Assumo que grande parte das situações foi por nossa incompetência, mas há momentos em que é preciso que o jogo seja ajudado por quem o dirige e tem a responsabilidade, muitas vezes, de ser o protagonista do jogo. O que acabei de dizer não tem a mínima de crítica à arbitragem e muito menos para o árbitro que esteve em Braga, que eu considero um bom árbitro, mas apenas um desabafo de alguém que, ao fim deste tempo todo, já se cansou de jogar com menos um jogador. E chegou o momento de a própria arbitragem. e de quem a dirige, de conseguirem introduzir na direção do jogo critérios mais claros. Por exemplo, haver penálti em que não há cartão amarelo e noutro haver amarelo e expulsão. Interrogo-me se não haverá outro caminho a seguir para o bem do jogo e, acima de tudo, da estabilidade emocional dos árbitros"