É símbolo do conto de fadas do Bodo/Glimt. Foi campeão em 2020, chegou ao Milan e, neste regresso a casa, já foi carrasco dos dragões. Quer marcar ao Braga e faz mira a página dourada na Champions
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Jens Hauge, de 25 anos, faz parte da maravilhosa história do Bodo/Glimt. Veio com a equipa da segunda Divisão, esteve no título de 2017 nesse escalão, repetindo a façanha na divisão maior em 2020, conseguindo o conjunto do norte da Noruega algo inédito. O avançado, que havia sido parceiro de Haaland nas seleções jovens, viu o reconhecimento da influência no título de 2020 levá-lo ao Milan e de lá seguiu para Frankfurt, onde conquistou a Liga Europa. Recuperou protagonismo em Bodo e foi carrasco do FC Porto, ao bisar na vitória por 3-2 sobre os dragões, sendo a grande estrela desta equipa que se cruza outra vez com um rival português, partindo para Braga.
“No papel parecem similares, mas talvez nos espere um jogo mais físico, uma equipa mais agressiva, mas com menor qualidade individual. Mas estão aí ótimos jogadores e teremos de estar no nosso melhor para alcançar um bom resultado. Espero voltar a marcar”, expressou em conversa com O JOGO.
“Jogando fora é diferente, teremos de estar preparados para defender, investir toda a intensidade e inteligência, criando chances quanto tivermos a bola”, destaca, ainda nas nuvens com o estrelato que se apoderou dele e das luzes da ribalta que novamente tocaram Bodo: “Foi uma noite fantástica contra o FC Porto. Sabíamos que eles eram muito fortes, carregados de grandes jogadores, mas também tínhamos noção que, se fizéssemos um grande jogo, podíamos ganhar. O clube tem mostrado que pode bater grandes equipas. Foi uma noite única, ainda mais especial por termos tido um jogador expulso. E pelos dois golos, claro!”, assinala Hauge.
Nesta época, leva dez golos e oito assistências em 34 jogos, provando as razões do Milan o ter ido buscar para 2020/21. “Tive alguns problemas de adaptação, na Alemanha ganhei a Liga Europa, mas não atingi o meu melhor nível. Agora volto a ter grandes sensações no meu clube e na minha cidade. Foi fantástico ajudar a equipa contra o FC Porto. Mostrei que continuo a ter nível para jogar nas grandes competições internacionais contra os melhores”, acrescenta Hauge.
E na zona de conforto tem “uma cidade pequena” que acarinha muito a equipa. “Todos nos amam e seguem, o clube tem sido otimamente gerido, há um grande trabalho de gente humilde. O clube faz evoluir os jogadores e encaixa-os no sistema. No campo vamos acreditando no nosso plano e numa determinada forma de jogar futebol”, sublinha Hauge. “Jogar na Europa permite-nos por a cidade no mapa. É muito especial sentir o carinho que temos à nossa volta, da cidade e dos fãs. Jogámos por eles, são parte da nossa viagem e do ADN”, elogia, não se coibindo de pensar em voos mais altos pelo júbilo em Bodo: “Temos tido a possibilidade de nos testarmos contra os melhores, estamos a jogar frequentemente na Europa. Vamos querer entrar na Liga dos Campeões. É um grande objetivo para defrontarmos os maiores. Pode ser uma longa viagem, mas é algo que queremos e, vendo o que temos logrado, penso que irá acontecer”.
Os amigos Rafael Leão e Dalot
“As equipas portuguesas são sempre de topo, produzem grandes jogadores. Todos sabemos o que fez Ronaldo. No Milan, estive com Diogo Dalot e Rafael Leão e foi um tempo fantástico com eles. Falava imenso com ambos, aprendi muito e sinto orgulho por eles. Colocam uma grande paixão no que fazem. Ainda lhes mando mensagens”, confidencia. “Com o Dalot está aí a chegar o nosso reencontro quando formos jogar a Manchester. O Leão tornou-se de classe mundial, muito rápido, potente e com golo. Já habituou todos a grandes performances e conheci ambos nas seleções jovens”, revela Hauge.