Espanhol deixa o cargo de adjunto, sendo substituído por Ricardo Rocha, antigo central do clube. Explicou a decisão em entrevista à BTV
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A saída: "A razão de falar agora é a de que tive de tomar uma decisão. Nas últimas duas épocas, o trabalho no Benfica foi muito, temos de dar 100 por cento pela nossa equipa e pelo nosso clube. Foram duas épocas muito exigentes, não só no clube... Estou a tirar a minha formação como treinador, tenho a minha família, e a decisão que tive de tomar foi a de que tenho de deixar de fazer parte do staff técnico do Benfica. A razão é a de seguir a minha formação, para estar mais preparado e um dia poder voltar aqui, ao meu clube. É o que sinto, é o meu clube, a minha casa, e vou seguir a minha formação para poder um dia voltar, e voltar mais preparado."
Campeão dentro e fora de campo: "Lembro-me quando fui campeão como jogador, nunca esquecerei. Foi, quiçá, o meu primeiro título. É verdade que tinha ganhado alguns títulos antes, mas, a sentir-me protagonista, foi o primeiro título. Foi uma sensação incrível, que nunca esquecerei. Depois, como treinador, do outro lado, foi também diferente. Conseguir na primeira época também foi uma sensação incrível. Mas a verdade é que é diferente, pois como treinador podes desfrutar um pouco mais. Vemos as coisas de outra perspetiva, e podes desfrutar um pouco mais dos adeptos e da alegria de todo o mundo. São experiências igualmente bonitas."
Balanço: "Pessoalmente, senti que evoluí muito. Joguei futebol durante 20 anos, mas é muito diferente. Evoluí muito graças aos grandes profissionais que temos cá, ao míster [Roger Schmidt] e ao staff técnico que está com ele. Graças a ele, senti realmente que gosto de ser treinador. Tenho de agradecer muito, o ambiente que nós temos lá dentro é incrível. Também sinto um bocadinho de pena por isso. Quando falei com o míster, disse-lhe que sinto muita pena por deixar o staff técnico, porque temos todos uma relação muito boa. Trabalhámos muito bem. Mas tenho de tomar esta decisão, não foi fácil."
O clube que encontrou no regresso: "Um Benfica que cresceu muito! Quando deixei o clube [como jogador]... já era grande, saí a falar muito bem do Benfica à família e aos amigos, porque era o que realmente sentia. Quando voltei, ainda mais. O crescimento do Benfica nestes últimos anos foi muito grande, não só cá dentro, em termos de infraestruturas e formação, como com os adeptos, que não deixam de te surpreender. É incrível jogar fora do país, não importa onde... encontramos sempre milhares de adeptos, e isso mostra bem o que é este clube e a grandeza do Benfica."
Roger Schmidt: "A verdade é que os adeptos só conseguem ver o míster no dia do jogo e no dia anterior ao do jogo, que é quando sentimos a tensão que é preciso para fazer bem as coisas. Mas, no dia a dia, o míster é incrível. Não há pessoa dentro do dia a dia do clube, entre jogadores, staff técnico e médicos, que fale alguma coisa de mal sobre ele. É muito boa pessoa, muito agradável, muito simpático. Pode-se falar com qualquer pessoa, que vai dizer o mesmo. No dia a dia é muito fácil estar com o Roger [Schmidt]."
Rui Costa: "Desde que saí do Benfica até ao dia de hoje – e daqui para a frente –, Rui Costa deixou-me uma imagem incrível. Já quando eu joguei aqui, ele era diretor-desportivo e tinha deixado [uma imagem incrível]. O meu pai fala até hoje da imagem de Rui Costa, pois é uma pessoa muito humilde, com muita sensibilidade para com as pessoas. É amigo dos seus amigos. O trabalho feito enquanto Presidente é muito bom. Todos queremos ganhar, é normal, mas não somos apenas nós, todas as equipas querem ganhar e fazer as coisas bem. Em geral, o presidente está a fazer as coisas muito bem. Fomos campeões na temporada passada, nesta [última] época não deu, mas vamos fazer tudo para que o Benfica volte a estar onde deve estar, que é em 1.º lugar. Se há alguém com mais vontade de ser campeão, esse alguém é Rui Costa, pois o Rui Costa é o Benfica."
Balneário: "É muito bom. É muito fácil trabalhar com eles [jogadores]. Querem sempre aprender, são um grupo extremamente bom. Desde o primeiro dia, aceitaram muito bem a nossa proposta de jogo, acho até que adoram este estilo de jogo, pois, enquanto jogador, não há maior prazer do que olhar para a frente, com e sem bola. É isso que queremos fazer, e o que o míster quer fazer. Há duas épocas, quando fomos campeões, [os jogadores] mostraram que este é um estilo de jogo que eles querem e gostam de fazer. E que é o que se vai tentar fazer na próxima época."
Mensagem aos adeptos: "Dizer o que tenho dito ao longo dos últimos anos, desde que aqui joguei, e que no futuro vou continuar a dizer: vocês são muito importantes para o clube, para esta equipa, são essenciais. O que é preciso daqui para a frente – enquanto jogador senti que é muito importante ter essa ligação entre adeptos e equipa – é fazermos todos reset. Vamos voltar mais fortes, com muita vontade de levar a nossa equipa, o nosso clube, para onde deve estar, que é no 1.º lugar e ser o melhor de Portugal."