Jardel, uma história caricata e a rivalidade com o FC Porto: "Quando passa para fora..."
Entrevista de Jardel, defesa brasileiro que se destacou no Benfica, ao podcast Wibcast.
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14 pontos na cabeça em jogo com o Sporting: "Na estreia do campeonato na Luz, no dérbi com o Sporting, levei 14 pontos na cabeça. O avançado subiu, ganhei a bola e ele acertou-me. Ele teve de sair. Quase desmaiei, no final do jogo não consegui ir aplaudir os adeptos e saí a correr, a dor era imensa, a latejar. "
Rivalidade entre Benfica e FC Porto: "É pesada... A rivalidade tem de ficar dentro de campo, quando passa para fora já não é futebol para mim, nem paixão... Nem adeptos são."
Ser capitão do Benfica: "A responsabilidade de ser capitão do Benfica é gigantesca, o Benfica é muito grande. Mas é uma boa responsabilidade, é "bacana" de mais. Para se colocar a braçadeira no Benfica tem de se ter uma história e graças a Deus consegui construir isso. E com a história vem o respeito. É o elo de ligação entre o balneário e o treinador. Sempre me dei muito bem com todos, sempre tive o respeito de todos. Sabia que como capitão tinha de pegar, chamar a atenção, apontar o erro: eu faço isso mas tenho um jeito diferente, não tenho isso de bater sempre de frente. Claro que, por vezes, é preciso mudar a fala. Nunca chamava à atenção à frente de todos, chamava à parte para conversar como os treinadores faziam comigo, era o meu jeito e nunca mudei."
História caricata no balneário: "Olhávamos no balneário e víamos a roupa de um dos colegas 'a mesma cueca'? Houve um dia que pegámos, fizemos uns desenhos muito carinhosos e voltámos a pendurar onde estava. No dia a seguir ele voltou e lá estava o desenho na cueca... Há quatro dias com a mesma cueca... Fomos para o treino e quando voltámos, na hora do banho, fui falar com ele. Disse-lhe 'vens com a mesma cueca esses dias?' Ele disse que não mas chamei mentiroso. Foi lá, olhou para a cueca, e disse 'a minha esposa compra as cuecas sempre da mesma cor...'"
Final da carreira: "Já sabia que não ia renovar. Tinha essa esperança mas sabia que isso podia não acontecer. Sou muito tranquilo, não tenho vaidade e foi super tranquilo. Mas sinto falta da adrenalina, no campo, parece que estás num outro mundo. Senti falta das amizades, desta família. Ainda hoje na rua com os adeptos é como se ainda jogasse. Quando fui embora um elemento da TAP pediu para tirar uma foto comigo e disse-lhe que já não devia voltar ao Benfica, exceto para tratar de coisas pessoais. Ele abraçou-me e começou a chorar por isso."
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