ENTREVISTA, PARTE I - Uma máquina muito bem organizada, num processo de continuidade na aposta na formação que tem dado resultados continua a ser o grande objetivo de Jaime Teixeira, diretor executivo do Vitória de Guimarães.
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É a primeira entrevista de Jaime Teixeira desde que, no início da época, chegou a Guimarães. Dar uma ainda melhor organização ao que já vinha sendo feito é o grande objetivo.
Por que é que nunca deu uma entrevista desde que chegou ao Vitória?
-Porque mais do que estar a dar entrevistas é as pessoas verem o que se faz. Abracei o projeto do Vitória de uma forma rápida, é um projeto que tem a ver com pessoas, e com uma equipa. Também tem muito a ver com o que é o Vitória - uma energia coletiva. Todos ajudamos o clube, essa é a nossa missão.
Como é que se deixa um clube como o PSG para vir para Guimarães?
- Não deixei o PSG para vir para o Vitória diretamente. Deixei o PSG ao fim de duas épocas, que foram desafiantes, que me permitiram evoluir muito, aprender muito, trabalhar a um nível muito alto com um desafio diário elevado. Mas aqui não é diferente, o nível é também muito alto, a minha exigência é também elevada. O Vitória é um clube muito grande, com uma forte base de adeptos. O que pode por vezes fazer a diferença é o dinheiro. Em termos de história não há comparação, o Vitória é muito mais antigo do que o PSG. O Vitória tem uma base social incrível e um potencial muito bom. E tem uma energia à volta que se for orientada para o êxito rapidamente poderá regularizar a sua média de desempenhos e fixar-se a um nível muito alto.
Em relação às expectativas que trazia, esta é uma época falhada?
-Ainda é muito cedo para dizer isso. Temos a noção de que, jornada após jornada, é uma etapa que se perde se a equipa não tiver êxito. O balanço só deve ser feito no fim. Há originalmente outros objetivos que já não são possíveis. Na Taça da Liga ficámos fora por um golo e não tivemos qualquer derrota; na Taça de Portugal caímos cedo, o objetivo era ir muito mais longe. Na Liga não estamos numa altura boa, já houve momentos melhores, mas temos a certeza de que há capacidade para dar a volta.
O que é preciso para isso? As palavras podem não chegar...
-É preciso que cada um de nós tenha a noção de que juntos é mais fácil do que individualmente. Está a faltar regularidade. Acredito que vamos chegar a um lugar europeu. Todos acreditamos que é possível.
Já identificaram o problema?
-Sim, conversamos com frequência sobre as coisas más, tal como nos entusiasmamos com o que de bom vai acontecendo. Isto não é responsabilidade da direção, da equipa técnica, da equipa em si, a responsabilidade é de todos nós. E a palavra "nós" aqui faz muito sentido. É o que tem de ser.
O Vitória não tem uma estrutura muito pesada?
Não, um clube que necessita de se alimentar com atletas que saem da sua escola de formação tem que ter uma boa organização. Temos uma organização que visa maximizar os recursos. Por exemplo, a área médica da equipa A é responsável por toda a área médica das equipas do Vitória, significa que estamos a diminuir recursos e a maximizar os processos. E isto acontece em todas as áreas. Há uma responsabilidade profissional, mas a política é vertical. É um projeto seguro. O scouting foi alvo de uma reestruturação, estamos a implementar um modelo que pode dar êxito ao processo de avaliação de atletas com qualidade fora daqui.