"Fátima? Não há interlocutores. Há uma grande pressão sobre os jogadores"

Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores
Rui Manuel Ferreira/Global Imagens
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, diz que não sente vontade por parte da SAD do Fátima em resolver os problemas financeiros que o clube atravessa. O jogo frente ao Alverca, no domingo, poderá não se realizar
A equipa do Fátima, cuja SAD passa por uma crise financeira muito complicada, está a ponderar não comparecer ao jogo marcado para domingo - a receção ao Alverca - da quarta jornada da Série F do Campeonato de Portugal.
Segundo apurou O JOGO, o conjunto ribatejano está há duas semanas sem campo para treinar, mas faz os seus jogos em Vila Chã de Ourique. A SAD do Fátima separou-se do clube, que joga nos campeonatos distritais de Santarém.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, explica que já tentou disponibilizar uma verba para ajudar os profissionais daquele clube a fazer às dificuldades - visto que não recebem salário há dois meses -, mas garante que não vê vontade da SAD em "resolver os problemas".
"O Sindicato de Jogadores tem acompanhado a situação desde o ano passado. No final da época passada, a SAD do Fátima fez um acordo com os jogadores que tinham salários em atraso e pagou a primeira prestação e, nessa altura, havia sinais positivos. Entretanto, de um momento para o outro, há o conflito com o clube, eles [clube] saem de Fátima, vão para Lisboa, para o Damaiense, e começam outra vez os problemas. Os jogadores [do Fátima SAD] não recebem desde o início da época, não treinam há 15 dias... falei com o capitão e com o treinador para disponibilizar uma verba para que os jogadores não passem dificuldades, como fizemos com o V. Setúbal, a quem adiantamos dois meses de salários em atraso, mas, aparentemente, não há soluções. Já tentei falar, mas não há interlocutores, há investidores que dão sinais... há uma grande pressão sobre os jogadores", afirmou em declarações a O JOGO.
"À exceção de dois ou três casos que vêm ter connosco, os demais jogadores não o fazem e admito que seja por receio da pressão de quem lá está. Não sinto da parte do Fátima vontade de resolver os problemas, é muito estranho. Há tempo para negociar, para apresentar soluções, e depois há tempo para assumir que não há capacidade, é uma irresponsabilidade total não medir as consequências. Uma irresponsabilidade para o dano que isto pode acrescentar ao futebol português, à verdade desportiva", continuou.
O presidente do Sindicato criticou a entrada de investidores desconhecidos neste campeonato e que nada "acrescentam", dizendo também que os próprios adversários já não sabem se vão ou não defrontar este adversário.
"Já me ultrapassa. No Campeonato de Portugal há um fenómeno de investidores que ninguém sabe quem são. Entra muita gente, não sabemos quem são os investidores e não acrescentam nada. Temos de acabar com isto, o Campeonato de Portugal merece mais. É preciso respeito pela competição, pelos profissionais e pelas regras desportivas. Não é aceitável que continue assim", vincou. "O Alverca já não sabe, os clubes começam a ficar na dúvida se o Fátima vai ou não competir no Campeonato de Portugal", rematou.
