Ivo Gonçalves acrescentou mais um capítulo à longa carreira ao assinar pelo recém-promovido ao Campeonato de Portugal. Guardião tem quatro subidas nos últimos cinco anos e deixou-se seduzir pelo convite de “pessoas simples e terra a terra”. Vitória por 3-0 em Gondomar é bom cartão de visita e traz “responsabilidade”.
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São 238 jogos na II Liga que fazem de Ivo Gonçalves um guarda-redes com larga experiência nos patamares profissionais do futebol português. O jogador, de 40 anos, que também chegou ao primeiro escalão pela mão do Vizela - participou num encontro -, depois de também ter representado, sem minutos, V. Setúbal e Portimonense entre os grandes, acrescentou mais um capítulo à longa carreira ao assinar pelo Cinfães, campeão em título da AF Viseu que subiu ao Campeonato de Portugal.
“O míster Paulo Mendes teve uma grande fatia de responsabilidade na minha decisão de vir para Cinfães. Depois, também têm o Cássio (antigo guardião do Paços de Ferreira e do Rio Ave, entre outros) que é treinador dos guarda-redes, um técnico exigente. São pessoas simples, muito terra a terra, gente humilde que quero ajudar”, explica.
Ora, a contribuição já começou a ser dada, com Ivo a comandar a equipa na vitória por 3-0 em Gondomar, a abrir a Série B do CdP. “Vitória surpreendente? Nós sabemos o que estamos a fazer. Claro que ganhar em Gondomar, por estes números, cimenta a qualidade do nosso trabalho”, comenta. “O resultado dá-nos responsabilidade, mas é isso que queremos no futebol: ganhar jogos. É óbvio que assim teremos os adversários mais alerta, porém é algo com o qual teremos de lidar”, acrescenta.
Com as dores de crescimento de um emblema que vem do Distrital, Ivo garante que o pensamento em Cinfães é, acima de tudo, a consolidação no CdP. “Conseguimos um bom leque de jogadores, temos sete ou oito que um dia podem chegar aos campeonatos profissionais. Queremos a permanência”, sublinha.
Natural de Silves, o algarvio está no norte desde 2015/16. Vive em Penafiel e, ao fim da tarde, vai numa carrinha de nove lugares que pertence ao clube para o treino. “A interioridade só nos pode motivar ainda mais. Fazemos as deslocações juntos e assim ficamos fortalecidos enquanto grupo. Só assim se fazem grandes equipas e campeonatos”, observa.
Em Silves há família e a “cidade do coração”. Os filhos estão no Alentejo, mas é no norte que Ivo encontra mais oportunidades. “Tirando o Portimonense e o Farense, não há grandes apostas no futebol algarvio. A competitividade está no norte”, justifica.
As quatro subidas nas últimas cinco épocas (duas pelo Vizela, uma no Länk Vilaverdense e outra no Felgueiras) fazem de Ivo Gonçalves uma espécie de amuleto. “As duas subidas no Vizela foram incríveis, mas também a permanência na I Liga foi quase como uma subida. O Cinfães? Seria a subida mais improvável, mas não pensamos nisso”, termina o guarda-redes.
Álvaro Pacheco entre as referências
Ivo Gonçalves sabe que o futebol não durará muitas mais épocas, pelo menos enquanto jogador. “Ano após ano decido o que vou fazer, mas estou preparado para acabar. Tirei o segundo nível de treinador, embora só pense em ser treinador de guarda-redes ou adjunto”, revela. Paulo Mendes, que agora o treina, merece-lhe elogios, bem como Ricardo Silva, que o orientou no Länk Vilaverdense, e Álvaro Pacheco. “É uma referência e um exemplo de treinador pela sua liderança”, enaltece.