"Inter não é um bicho de sete cabeças e acho que o FC Porto vai passar. A mentalidade e a raça..."

O vídeo promocional partilhado pelos dois clubes descreve o encontro desta noite, no Giuseppe Meazza, como um confronto entre animais mitológicos: de um lado a serpente Biscione (Inter), do outro o dragão (FC Porto). Dois monstros que se defrontaram por quatro ocasiões desde o começo do milénio, com o veneno do primeiro a revelar-se bem mais mortífero do que o fogo do segundo, até agora. Principalmente em Milão.

De resto, na história há registos de apenas uma vitória do FC Porto naquela cidade italiana. Foi em 1996, contra o Milan, que esta temporada até está atrás do vizinho (2.º e 3.º) na classificação da Série A.

Apesar de tudo, Beto está convencido de que este "Inter não é um bicho de sete cabeças para o FC Porto". O avançado da Udinese defrontou os "nerazzurri" no sábado e acredita que estão ao alcance dos portistas, até porque esta temporada já somam oito derrotas, três das quais em casa. "Discuto isso muito com os meus colegas aqui e digo que o FC Porto vai passar", conta, em conversa com O JOGO desde Udine. "Eles dizem que não, mas eu sei como é o FC Porto e, por isso, acho que vai passar. A mentalidade do jogador do FC Porto e aquela raça... Só precisam de ser o FC Porto: disputar todas as bolas, ter garra e raça. Gosto disso e acho que pode fazer a diferença", sustenta.

Foi assim, explica Beto, que a Udinese superou (3-1) a equipa de Simone Inzaghi na primeira volta da Série A. No sábado, em San Siro, o desfecho não foi tão positivo (derrota por... 3-1), mas o atacante sente que ficaram expostas algumas das fragilidades do adversário do FC Porto. "

O jogo de sábado estava taco a taco até eles fazerem o 2-1, depois de nós termos perdido uma boa oportunidade. É importante ao FC Porto estar sempre vivo, jogar com raça e aproveitar muito bem o espaço que eles concedem", indica o ex-Portimonense, que olha para o relvado do recinto como uma preocupação, porque está "seco e desgastado por não ter descanso". "

Com jogos todas as semanas, por vezes de três em três dias, é normal não melhorar", refere Beto, que não olha para o ambiente como um problema. "Quando chegas ao estádio dizes: "Uau!" Mas acho que isso não fará qualquer diferença para os jogadores do FC Porto. O Dragão consegue ser pior para jogar", afiança o português. "Será mais difícil para o Inter jogar no Dragão do que ao FC Porto em San Siro, embora numa noite de Champions seja diferente", perspetiva.

A cumprir a segunda época em Itália, Beto considera que a "experiência tem sido muito boa". "Apesar de a Série A agora também ter muitos golos, continua a ser um campeonato clínico, difícil. Na televisão pode parecer que não há intensidade, mas há jogos que são intensos e outros que são mais de táticos", explica, comparando-os mesmo a "partidas de xadrez".

O de hoje dos oitavos de final da Liga dos Campeões, promete não ser muito diferente. E o FC Porto espera terminá-lo de dar o xeque-mate em casa, a 14 de março.

As notas de Beto...

Virtudes do Inter
"O Inter explora muito a subida de um terceiro central quando tem a bola. O Skriniar e o Bastoni dão e vão para criar superioridade na linha. O Dzeko e o Lautaro [Martínez] jogam muito bem juntos. O jogo de costas e de área do Dzeko oferece muito. O Lautaro é incisivo."

Debilidades a explorar
"Aproveitar muito bem o espaço que eles concedem para contra-atacar. A equipa deles está sempre muito aberta e no contra-ataque sofrem um bocado. O meio-campo é o setor onde se nota mais. Fica completamente aberto."

Ambiente
"Quando chegas ao estádio dizes: "Uau"! Mas acho que não fará qualquer diferença para os jogadores do FC Porto. O Dragão consegue ser pior para jogar. Será mais difícil para o Inter jogar no Dragão, do que ao FC Porto em San Siro."