Uma semana depois dos incidentes no D. Afonso Henriques, os adeptos não esquecem o que consideram ter sido uma vergonha. Além do clube, a Câmara também quer uma reunião com o comando da PSP.
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Os adeptos do V. Guimarães estão revoltados com aquilo que consideram o exagero do uso da força por parte da Polícia durante o jogo com o Sporting.
A Direção do clube minhoto já tinha anunciado que iria pedir uma reunião com o comando da Polícia de Segurança Pública (PSP) e, na última quinta-feira, a Câmara Municipal de Guimarães também anunciou que vai fazer o mesmo pedido.
"Estou inteiramente disponível para um trabalho em conjunto com a Direção do Vitória ter iniciativas para defender o bom nome de Guimarães e por essa via o bom nome, a reputação e a excelência do nosso Vitória", justificou Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal de Guimarães na reunião do executivo.
Os adeptos ouvidos por O JOGO, todos presentes nas bancadas do Estádio D. Afonso Henriques no jogo com o Sporting, contaram o que viram e não encontram explicações para a atuação da polícia. Com um longo passado como jogador e como treinador, Quim Berto fez questão de falar como adepto do Vitória. Deu a cara como figura pública, mas mesmo os mais anónimos deixaram bem clara a indignação.
Os vitorianos lamentam os incidentes, mas também a imagem que está a ser dada dos adeptos e do clube. A maioria acredita, no entanto, que não há motivo para alarme , deixando bem claro que vão continuar a frequentar os estádios, nomeadamente o D. Afonso Henriques.
As críticas dos adeptos inquiridos por O JOGO estendem-se a Palhinha. No final do jogo, o médio do Sporting escreveu um texto, publicado nas redes sociais, a criticar o comportamento dos adeptos, questionando os pais se é esse o exemplo que querem passar. "Reflitam e pensem duas vezes antes de levarem os vossos filhos ao estádio", aconselhou o internacional português. Sérgio Ribeiro, Quim Berto e Agostinho Martins, sócios do Vitória, criticam o jogador e recordam que esteve ligado aos incidentes no final do último clássico com o FC Porto, realizado no Dragão. Sócio do Vitória há quase 40 anos, Carlos Sousa reconheceu que "aquela confusão não é um bom exemplo", mas aconselha o médio "a ver os dois lados em vez de atirar as responsabilidades para os vitorianos". "Ao escrever o que escreveu está a incriminar os adeptos do Vitória".
Inquérito
Sérgio Ribeiro
Contabilista
"Polícia à bastonada"
"Pertenço à claque White Angels e estava na bancada sul superior. De repente, vimos a entrada da polícia, à bastonada em toda a gente, incluindo crianças e mulheres. Não me apercebi de nada que os nossos adeptos tenham feito para aquela intervenção. Os adeptos do Sporting é que romperam a rede de segurança e avançaram para o muro. As palavras de Palhinha são inoportunas, porque ele também não foi exemplo há pouco tempo, com o FC Porto, quando apertou o pescoço a um colega de profissão. Ele não é ninguém para estar com moralismos. Sou pai e sinto-me seguro no Estádio D. Afonso Henriques. Os meus filhos estão comigo na bancada e não tenho tido problemas. Agora, se a polícia entrar à bastonada, é complicado".
Quim Berto
Treinador
"Não entendo esta agressividade"
"É de lamentar aquele excesso de agressividade e, como adepto, não entendo esta agressividade da polícia relativamente aos sócios do Vitória. Houve apenas troca de insultos e a polícia começou logo à cacetada, onde estavam muitas crianças. Isso faz com que os adeptos se afastem dos estádios e não é isso que queremos. Sou pai, tenho dois filhos, e as palavras do Palhinha são desajustadas. Antes de escrever o que escreveu devia lembrar-se do que aconteceu com o FC Porto. Ele devia ter dado o exemplo. Acredito que este seja um caso isolado e as pessoas podem ir aos estádios sem problemas.
Hoje em dia os adeptos do Vitória são vistos de uma forma tão agressiva. Independentemente do que nos possam acusar, vamos continuar a apoiar o clube."
Agostinho Martins
Reformado
"Palhinha não é exemplo"
"Somos sempre vítimas. Nós é que somos os desgraçados. Os outros é que fazem as asneiras e nós é que somos agredidos. Os adeptos do Sporting atiraram tochas e rebentaram a rede, mas a polícia descarregou nos adeptos do Vitória. O Palhinha não é exemplo para ninguém e devia ter visto como tudo começou. Os adeptos do Sporting é que nos insultaram e queriam mandar em nossa casa, mas cá mandamos nós.
Sinto-me seguro em ir aos estádios, nomeadamente ao D. Afonso Henriques, mas é preciso que não venham provocar os adeptos do Vitória. Fui ver o jogo à Madeira e não houve nenhum problema, além de que fomos bem recebidos, porque não maltratamos ninguém".
Carlos Sousa
Reformado
"Foi uma vergonha"
"Eu estava na bancada superior sul, vi tudo o que se passou e foi uma vergonha. Os adeptos do Sporting começaram com a confusão e rebentaram a rede de segurança, mas os adeptos do Vitória é que foram castigados pela polícia. Há uns anos, no final de um jogo, eu e a minha mulher só não levámos uma carga da polícia porque fugimos para o interior de um prédio. Só sabem castigar o Vitória. O árbitro [Fábio Veríssimo] também não esteve bem porque ele é que armou esta confusão toda. Sou pai e avô e reconheço que o Palhinha falou bem, porque aquela confusão não é um bom exemplo, mas temos de ver os dois lados e perceber quem é o culpado em vez de atirar as responsabilidades para os adeptos do Vitória. Ao escrever o que escreveu está a incriminar os vitorianos".