Agradeceu um sem-número de vezes todas as provas de carinho e frisou que o mais importante é estar vivo. Depois do susto, passar semanas ou meses a descansar é algo que não o incomoda nada.
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Casillas não escondeu a emoção, ontem, à saída do Hospital da CUF, perante cerca de uma centena de jornalistas que aguardavam pela alta do guarda-redes do FC Porto.
O espanhol sorriu mas não disfarçou um certo ar cansado, transmitido por um olhar onde ainda era possível perceber as marcas do grande susto de quarta-feira. Verificou o microfone e, com a voz algo embargada, um pouco rouca, até, deu início a uma declaração improvisada.
"Tive um episódio que pode acontecer a qualquer um, mas tocou-me a mim. É difícil falar, mas tenho de estar agradecido a todos os que se preocuparam e me fizeram sentir muito querido", começou por dizer. "Tive muita sorte, mas o importante é sair com um sorriso destes momentos e creio que vou conseguir. Mas a verdade é que me emociono com tanta gente aqui", confessou, passando a agradecer o apoio: "Obrigado ao dr. Nélson Puga e a todos os que agiram depressa para me trazerem ao hospital e atenuar rapidamente o efeito do enfarte, obrigado ao Hospital da CUF, ao dr. Filipe Macedo [cardiologista], à dr.ª Isabel Quelhas [cardiologista] e ao João Carlos Silva, que me fez o cateterismo. Obrigando ainda pelas mil mostras de carinho nas redes sociais. Irei responder a todos. Terei tempo para isso".
O futuro ganha agora contornos diferentes para Casillas, que deixou tudo em aberto, sublinhando, naturalmente, que o mais importante foi preservado e que tinha agora todo o tempo do mundo pela frente.
O guarda-redes deixou o Hospital da CUF ao cabo de cinco noites de internamento por causa de um enfarte agudo do miocárdio
"Estou muito melhor, segue-se um repouso de algumas semanas ou até meses. Sinceramente, para mim é igual, o importante é estar aqui. Muito obrigado a todos, muito obrigado ao meu clube pela homenagem no estádio, muito obrigado a quem enviou mensagens às quais ainda não pude responder. Não sei o que será o futuro, mas o mais importante é estar aqui e poder falar tranquilamente e poder transmiti-lo", destacou, sempre com a voz trémula. "Era importante esperar, deixar que o coração assentasse, deixar que o corpo assentasse. Felizmente posso contar, posso ver e agradecer a todos", insistiu.
O filme da alta hospitalar começou a meio da manhã de ontem. Quando o guarda-redes do FC Porto foi ao Twitter deixar uma mensagem cheia de bom humor, percebeu-se que dificilmente dormiria mais uma noite no Hospital da CUF. "Bom dia! Estou com o coração contente, e vocês? Continuamos a melhorar", escreveu, aludindo a uma canção da espanhola Marisol.
Jornalistas portugueses mas também espanhóis, de várias agências noticiosas, de sites de informação, da Imprensa escrita, da rádio e, pelo menos, de 17 canais de televisão diferentes, foram cerca de uma centena, não arredando pé até ouvirem as palavras de Casillas.
O primeiro sinal estava dado, mas faltava ter a certeza de que a alta ia mesmo confirmar-se. Cerca de uma centena de profissionais da comunicação social esperava pela notícia. Só ao início da tarde a assessoria do FC Porto comunicou o esperado.
Casillas estava com os médicos no quarto, provavelmente a ouvir as últimas recomendações antes de abandonar aquela unidade. O espanhol passou nos exames e as cinco noites no hospital permitiram passar tudo a pente fino e monitorizar a reação ao enfarte agudo do miocárdio que o atacou na passada semana.
Iker terminou de falar, ouviu palmas e palavras de incentivo e depois despediu-se dos jornalistas e desapareceu na Circunvalação, conduzido por Sara Carbonero. Ao chegar a casa, novo vídeo de agradecimento. "Mil obrigados", insistiu... Casillas não se esquecerá de tanto carinho.