"Íamos jogar futevólei para um campo atrás do balneário e acabávamos expulsos pelo Camacho"
Declarações de Simão Sabrosa, presente no Mural dos Campeões do Benfica, aos meios de comunicação oficiais do clube
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Inauguração do Estádio da Luz: "É impossível não me lembrar desse momento, mas, primeiro, temos de recuar um pouco até ao Estádio anterior e a essa transição, que foi realmente difícil, porque não tínhamos condições para treinar. Chegar a esse dia da inauguração, tão desejado por jogadores, adeptos e clube, foi algo inesquecível, porque nós acompanhámos a construção e íamos fazendo visitas ao Estádio. O dia da inauguração foi especial para todos nós."
Melhor momento no Benfica: "Todos eles foram importantes e esta não é uma resposta politicamente correta, é sentida. É especial jogar perante os nossos adeptos, os nossos Sócios e com os meus companheiros, tal como poder marcar golos, festejá-los com os meus colegas e poder treinar, porque também treinávamos aqui. Seria injusto da minha parte escolher um golo ou um lance de génio, mas talvez escolha o Campeonato de 2004/05, onde erguemos o troféu de campeão no Estádio da Luz."
Saudades do balneário: "Sinto falta do balneário, porque é lá que ganhamos ou perdemos jogos, que sorrimos, choramos e partilhamos histórias com os nossos amigos. Acaba por ser um momento nosso vivido durante muitas horas, porque há o pré-jogo, o jogo e o pós-jogo. Tenho saudades do balneário e dessa convivência com os meus colegas."
História curiosa: "Quando nós viemos para este Estádio, havia um campo sintético por trás do balneário e íamos para lá jogar futevólei. Ficávamos lá mais uma hora a competir entre nós e essa era uma parte importante e fundamental, porque ninguém queria perder, até nesses jogos. Eu, o Petit, o Nuno Gomes, o Mantorras e outros jogadores acabávamos sempre 'expulsos' pelo treinador José Antonio Camacho, porque ele também queria jogar com a equipa técnica dele."
Mural dos Campeões: "Para mim, é um grande orgulho e uma grande honra estar entre os 20 eleitos. Acredito que a escolha não tenha sido fácil para os Sócios e isso deixa-me muito feliz. Outros jogadores também poderiam estar, mas só podem estar 20 e estou sensibilizado por poder estar no Mural, até porque continua a existir aquela ligação ao 20 da minha camisola. Agradeço aos Sócios por me escolherem e pelo apoio e confiança, porque a minha imagem de marca não foram só os golos. Foi, também, a dedicação, o querer ajudar sempre os meus companheiros e a vontade de melhorar. Foi isso que construiu a minha ligação aos adeptos, porque eles viam, em mim, a ligação das bancadas para o relvado. E eu, tal como os outros colegas, gostava de retribuir a força que vinha deles."
Golo marcado ao Sporting a 26 de janeiro de 2005: "Foi um golo fantástico mesmo a acabar o jogo, que vale o empate e o desempate por penáltis. Habitualmente, eu chutava com a parte interior do pé, mas, neste jogo, já tinha uma hérnia inguinal. Quando dominei a bola pensei, e isto foi tudo numa questão de segundos, que se rematasse com a parte interior do pé, o guarda-redes ia dominar a bola com o peito, porque eu não ia ter força suficiente para marcar. Decidi, então, colocar o peito do pé para dar mais força à bola, algo que não era habitual em mim, e esta acabou por entrar na baliza. Já ouvi histórias de pessoas que estavam neste jogo e que me disseram que saíram do Estádio, ouviram o golo e voltaram para trás. Foi um golo espetacular num jogo memorável, e a partir daí joguei com uma hérnia inguinal até ao final do Campeonato. Felizmente, acabámos por ser campeões."