Internacional brasileiro comentou a sua passagem pelo Vilanovense e pelo FC Porto
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Hulk, antigo jogador do FC Porto, agora ao serviço dos brasileiros do Atlético Mineiro, abordou a sua carreira, incluindo as passagens por Portugal, num depoimento ao “The Players Tribune”. “Em 2001, com 15 anos, cheguei a Portugal pela primeira vez. Fiquei um ano lá, na formação de um clube chamado Vilanovense, da cidade de Vila Nova de Gaia, que do outro lado, atravessando a ponte, fica o Porto”, iniciou, recordando de seguida o dia em que estava num alojamento e o motorista do autocarro do Vilanovense ligou-lhe para o levar a ver um jogo dos dragões.
“O motorista levou-me ao Estádio das Antas, onde o FC Porto ia disputar uma partida de Taça UEFA. Lembro-me como se fosse hoje porque aquele colorido brilhava tanto que a imagem nunca mais deixou os meus olhos. Fiquei alucinado, arrepiado. Eu nunca tinha entrado num estádio tão grande e bonito como aquele. Os adeptos faziam tanto barulho que eu precisei de gritar ao motorista 'Um dia vou jogar aqui!’. Foi tipo uma visão. Nada ao redor importava, só a minha convicção, a minha vontade de vencer", disse.
O jogador do Atlético Mineiro recorda oportunidade de ir para Madrid: “Sete anos depois de ter dito ao motorista que um dia eu ia jogar no FC Porto, o Atlético de Madrid também me quis contratar e colocou uma proposta idêntica à dos portugueses na mesa. Ainda com aquela visão na cabeça, a minha decisão levou menos de um segundo: vou para o FC Porto, é claro.”
“Desembarquei em Portugal. O estádio já não era o das Antas, era o do Dragão, mas a atmosfera do clube continuava igual. E eu também: um total desconhecido com nome de super-herói. Lembro que os jornalistas perguntavam: ‘Agora que chegou o Hulk, quando vem o Homem-Aranha? E o Batman também foi contratado?’ Magoava-me, mas o que é que eu podia fazer?”, admitiu.
“No primeiro treino, fiz uma coisa. Estava Quaresma, Lucho González, Bruno Alves, Cristian Rodríguez e todos os outros. Recebi uma bola no meio-campo, avancei um pouco e rematei! Aquela pancada de esquerda no ângulo. Foi um silêncio total. E o resto vocês sabem…”, acrescentou o jogador de 38 anos.
“Tive épocas no FC Porto em que marquei 42 golos e fiz 25 assistências, só menos duas do que o Messi. Ajudei o clube a vencer uma Liga Europa, uma liga portuguesa, uma Taça e uma Supertaça de Portugal. Hoje, se vais ao museu do FC Porto, tem uma estátua minha lá, outro motivo de muito orgulho na minha carreira”, afirmou ainda.
Além de recordar os momentos em Portugal, o atleta também se lembrou da primeira vez que viu um jogo de futebol ao vivo: “Um dia a bola chamou-me de maneira séria. Aconteceu na primeira vez que o meu pai me levou para ver o Treze ao vivo no Amigão, o estádio da nossa cidade. Eu tinha poucas oportunidades de ver futebol jogado, apesar de estar sempre com a bola. Nas raras vezes que aparecia um aparelho de televisão, eu olhava para aquelas imagens a preto e branco e achava que os jogadores eram bonecos. Mas naquela tarde, no Amigão, eu entendi tudo. Nunca tinha conhecido alegria igual. O jogo existia mesmo! Os jogadores existiam! Era tudo de verdade e colorido!”.