"Houve uma invasão de privacidade, podia haver vídeos íntimos entre marido e mulher"
Segundo dia de alegações finais do debate instrutório do processo do ataque à Academia do Sporting.
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Decorre esta segunda-feira o segundo dia de alegações finais do debate instrutório do processo do ataque à Academia do Sporting, no Campus de Justiça, Lisboa.
Carlos Melo Alves, advogado do arguido Emanuel Calças, que se encontra em prisão preventiva, falou em incoerências do inquérito do Ministério Público (MP) e colocou em causa os motivos que levaram o MP a delegar competências à GNR para tratar do caso sem despacho do juiz.
As mensagens de Whatsapp recolhidas durante o dia dos ataques também merecem reparos. "Houve uma invasão de privacidade no meio do material recolhido nos telemóveis. Podia haver vídeos íntimos entre marido e mulher. Considero que os 38 crimes de sequestro deviam ser retirados, não há fundamento. O mesmo para os 40 crimes de ameaça agravada". Carlos Melo Alves pediu ainda que o arguido passe de prisão preventiva para uma medida de coação menos gravosa, nomeadamente prisão domiciliária.
Sobre o crime de invasão de propriedade, defende que não faz sentido e apontou que o MP argumenta que Bruno de Carvalho deu autorização para a entrada dos arguidos na Academia.
Tiago Henriques, advogado de João Gonçalves, outro arguido em prisão preventiva pediu alteração de medida de coação, se possível para termo de identidade e residência, ou prisão domiciliária. "Há imagens deste arguido a falar com Jorge Jesus e nada lhe fez de mal. Disse algumas baboseiras nas conversas de Whattsapp, mas não passou aos atos", disse. "O clima de terror descrito pela comunicação social não aconteceu. Se fosse o terror como foi descrito não apareciam imagens do atual presidente do Sporting a rir-se", atirou ainda.
No que toca a Jorge Jesus, Tiago Henriques alegou que o treinador tinha uma boa relação com as claques, referindo que o agora técnico do Flamengo deu autorização noutras ocasiões, não no dia do ataque à Academia, para que assistisse a treinos e falasse com o plantel. E estranhou quando Jesus disse que não conhecia os membros da Juve Leo, uma vez que, apontou, marcou presença em convívios da mesma.
Aníbal Pinto, advogado de Gustavo Tavares, outro arguido, referiu que o caso nunca pode ser considerado um crime de terrorismo, mas sim relacionado com o hooliganismo. Defendeu que os arguidos não deviam estar presos, mas sim proibidos de frequentar recintos desportivos, apontando o exemplo de Inglaterra.
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