Homónimo de Rúben Neves em Montalegre: "Brincam com isso, mais em altura de Mundial"
Rúben Neves foi o melhor na vitória contra o Fafe, depois de já ter marcado ao Braga B, outro rival direto. Há quatro épocas no Montalegre, o médio conheceu lá a namorada e afeiçoou-se também a um clube que tem crescido nos últimos anos. Após um mau arranque, a equipa não perde há quatro jogos.
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O Montalegre venceu pela primeira vez esta época na jornada anterior, diante do Braga B (2-1), e voltou a repetir a façanha na receção ao Fafe (2-0), na ronda passada, com Rúben Neves a destacar-se em ambos os jogos. O plantel transmontano sofreu uma alteração profunda em relação ao da temporada passado e chegou a duvidar da capacidade para conseguir assegurar a permanência, mas agora encontrou o caminho certo para atingir o objetivo na Liga 3.
No jogo anterior foi considerado o melhor em campo e na passada jornada marcou. É o seu melhor momento da época?
-Sim, eu e a equipa estamos a atravessar o melhor momento, depois de um arranque atribulado. Sofremos uma revolução no nosso plantel e somos uma equipa bastante jovem, mas também houve alguma incompetência da nossa parte e azar em alguns jogos. Antes destas duas vitórias já tínhamos conseguido dois empates. A minha subida de rendimento está relacionada com o crescimento da equipa.
O Montalegre vem de duas vitórias e já não perde há quatro jogos. Há mais motivos para sonhar com a permanência?
-Claro que quando uma equipa tem tantas derrotas consecutivas, acaba por duvidar. Tínhamos apenas três pontos ao final de nove jornadas. No futebol, as vitórias é que dão confiança para acreditarmos no que estamos a fazer. Houve uma mudança de paradigma esta época, com muitos jogadores novos a entrar no clube, alguns sem experiência de Liga 3. Este é um campeonato muito competitivo, não é fácil. Ainda podemos fazer melhor, mas temos de ir jogo a jogo. Acreditamos que a manutenção é um objetivo perfeitamente realista.
Qual foi o segredo para a melhoria de rendimento?
-Continuámos sempre a trabalhar da mesma forma. A Direção e a equipa técnica mantiveram sempre a confiança no grupo de trabalho. Fizemos uma pré-época fantástica, entrámos com grandes expectativas no campeonato, mas perdemos os primeiros dois jogos, abanámos um pouco e demorámos a encontrar-nos. Entre nós passámos a mensagem de nunca deixar de acreditar no que estávamos a fazer. Penso que ganhámos mais coesão defensiva e os resultados têm surgido com naturalidade.
A que se deveu essa mudança de paradigma?
-Foi uma opção da Direção. Este já é o quarto ano em que estou no clube. Quando subimos do CdP para a Liga 3, a decisão foi manter a base da época anterior. Nesta temporada acharam por bem manter alguns jogadores, cerca de sete ou oito, outros, que fizeram boas épocas, como o Joãozinho e o Papalelé, acabaram noutros clubes. Tentaram fazer um plantel mais jovem para valorizar e potenciar jogadores sem beliscar os objetivos do clube.
É natural de S. João da Madeira e está há quatro épocas no Montalegre, o que o motiva a continuar?
-Vim para sair da minha zona de conforto. Já é a quarta época que estou aqui e sinto-me bem, sou bem tratado, é um povo muito carinhoso e que se preocupa muito com os outros. Eles conquistam-nos. O clube tem ambição e um crescimento grande, passo a passo. Conheci cá a minha namorada e agora será muito difícil tirarem-me daqui. O míster [José Manuel Viage] também é uma pessoa importante na minha permanência aqui. Pegou no clube ainda na distrital e tem feito um trabalho notável na última década.
Que tipo de médio é o Rúben? É como o seu homónimo da Seleção?
-Jogo nas três posições do meio-campo, antes era mais ofensivo, mas agora tenho jogado mais a 6. Defino-me como inteligente taticamente, tenho boa qualidade de passe e sou o típico médio de meter a equipa a jogar. Volta e meia brincam com isso, ainda mais agora, em altura de Mundial, e a verdade é que passei a jogar mais na posição em que o Rúben Neves atua. Como médios admiro muito o Bernardo Silva, o Kevin De Bruyne e o Busquets.
Quais foram as épocas mais marcantes da sua carreira?
-A Sanjoanense foi o clube que mais me marcou, pois joguei lá 12 anos no início de carreira. No Aves consegui jogar na II Liga e estivemos perto da subida, num play-off contra o Paços de Ferreira, e no Montalegre sinto-me bem, já faço parte da prata da casa e estou no lote de capitães.
Flávio das Neves é pai, treinador e a maior fonte de inspiração
Rúben Neves é filho do treinador Flávio das Neves e, além da relação familiar, o progenitor também foi seu treinador na Sanjoanense e no Cinfães.
"O meu pai foi superimportante para eu seguir a carreira de jogador. Foi ele que me levou da Sanjoanense para o Cinfães, no Campeonato de Portugal, onde terminámos em segundo lugar, só atrás do Académico de Viseu. Essa boa época levou-me a fazer uma semana no Seixal, mas como já tinha tudo acordado com o Aves, fui para lá", recorda o médio de 31 anos. "Depois, reencontrei-o na Sanjoanense. Há sempre o estigma do pai ser treinador do filho, mas correu-me sempre bem em termos de rendimento. Ele é a minha maior inspiração dentro do futebol e fora dele", afirma Rúben, revelando que está a frequentar o nível I do curso de treinador.