Homicídio de Igor Silva: "A mulher e a filha do Marco Orelhas já tinham ido ao meu bairro perguntar por mim"
A 8 de maio de 2022, cerca das 02:00, durante os festejos do título de campeão nacional de futebol conquistado pelo FC Porto, alguns dos arguidos envolveram-se numa acesa troca de palavras com a vítima mortal, junto ao Estádio do Dragão
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Uma testemunha que assistiu aos confrontos que levaram à morte de um adepto junto ao estádio do FC Porto, durante os festejos do título de 2022, afirmou esta terça-feira em julgamento ter visto um dos arguidos “em cima” da vítima. A testemunha chegou demonstrando nervosismo e com “medo” à sala de audiências do Tribunal de São João Novo, no Porto, - onde decorre mais uma sessão do julgamento de sete pessoas envolvidas no homicídio de Igor Silva – o que levou a presidente do coletivo de juízes a solicitar a saída dos arguidos para uma outra sala, onde assistiram ao testemunho por videoconferência.
Antes deste testemunho, foi ouvida a mãe de Igor Silva, que entrou no tribunal a chorar e assim se manteve, praticamente, durante toda a sua audição.
Questionada pela juíza, disse que o filho, que vivia em sua casa com mais nove irmãos, nunca lhe contava os seus problemas e negou que a vítima tivesse facas em casa, mesmo quando confrontada com uma foto em que Igor aparecia com essas armas.
Sobre a noite do homicídio, a mulher contou que o filho “quando veio [do Estádio] da Luz, passou por casa, mas voltou a sair para ir festejar a vitória” do FC Porto. Nessa madrugada, “soube que Igor estava no hospital” e só de manhã lhe disseram que tinha morrido na sequência das agressões.
Sabia que havia desentendimentos entre Igor e Marco ‘Orelhas’, mas disse desconhecer as razões.
“A mulher e a filha do Marco ‘Orelhas’ já tinham ido ao meu bairro pedir satisfações e perguntar por mim. Atiraram pedras de grande dimensão contra a minha casa e eu chamei as autoridades”, contou, admitindo que, com a morte do filho, perdeu “a vontade de viver”.
Este julgamento tem sete arguidos acusados de homicídio qualificado, três de ofensas à integridade física de uma jovem e um de detenção de arma proibida.
Segundo a acusação, consultada pela Lusa, desde o início de 2022 que cinco dos 11 arguidos, três dos quais acusados de homicídio qualificado e em prisão preventiva, mantinham um clima de conflito com a vítima motivado por agressões entre eles e familiares.
A 8 de maio de 2022, cerca das 02:00, durante os festejos do título de campeão nacional de futebol conquistado pelo FC Porto, alguns dos arguidos envolveram-se numa acesa troca de palavras com a vítima mortal, junto ao Estádio do Dragão, sustenta.
E, acrescenta a acusação, motivados por um desejo de vingança, alguns dos suspeitos perseguiram, manietaram e agrediram Igor Silva com o propósito de lhe tirar a vida, agredindo-o a socos, murros e pontapés e usando uma faca com uma lâmina de cerca de 15 a 20 centímetros.
Nessa sequência, a vítima mortal foi esfaqueada várias vezes em diferentes partes do corpo e, apesar de ainda ter sido transportada para o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, acabou por morrer, refere.