Médio dinamarquês, alvo dos leões, regista números melhores do que os do uruguaio. O jogador do Lecce tem números superiores aos que tinha o camisola 15 da época passada e com um ponto importante a seu favor: faz menos faltas e recebe menos amarelos por parte dos árbitros.
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Amado pelos adeptos e elogiado pelos críticos: foi assim que Manuel Ugarte deixou o Sporting rumo ao PSG, no fim da última época. Agora, porém, os leões podem estar em vias de o substituir por um médio que não fica nada a perder na comparação direta com o uruguaio. Pelo menos quanto a números, Morten Hjulmand, o dinamarquês de quem se fala, até conseguiu melhores registos do que Ugarte na época passada.
Ao serviço do Lecce, que lutou pela permanência até à penúltima jornada, Hjulmand foi o segundo melhor da liga italiana em recuperações de bola, com uma média de 12,21 em cada 90 minutos realizados. Um registo superior ao de Ugarte, que terminou a última edição da I Liga com uma média de 11,8 por 90 minutos, segundo o Wyscout, site especializado em estatísticas consultado por O JOGO.
E também em interceções Hjulmand tem números melhores do que Ugarte (5,17 contra 5,03), assim como em alívios (1,25 para 0,96).
Mas, além de números superiores quando se trata de destruir o jogo ofensivo dos adversários (dados relativos apenas aos campeonatos português e italiano), Hjulmand consegue fazê-lo de forma nitidamente menos faltosa, uma vez que cometeu menos infrações (1,64 por cada 90 minutos, contra 2,2 do uruguaio) e sem abusar dos amarelos, defeito que era tantas vezes apontado ao antigo camisola 15 do Sporting (0,25 de média de um para 0,39 do reforço do PSG).
Em declarações a O JOGO, o jornalista Francesco Velluzzi, que acompanha o dia a dia do Lecce para a Gazzetta dello Sport, elogia precisamente a capacidade de Hjulmand em ganhar bolas de forma limpa. "É um jogador objetivo e com muita qualidade em todas as ações. E é muito forte a recuperar a bola. Essa é a sua grande especialidade. Mas também é bom a passar e a verticalizar o jogo", comentou o jornalista, apontando-lhe depois um ponto que, no seu entender, pode vir a melhorar: "Não se pode dizer que seja um excelente rematador de fora da área. Aliás, ele remata pouco."
De qualquer forma, é um futebolista que, de um ponto de vista defensivo, tranquiliza os homens da frente. O Lecce não tinha medo de arriscar na frente porque sabia que nas suas costas estava um homem capaz de travar com qualidade as contra investidas contrárias. "É um jogador em quem a equipa confia. Quando perdiam a bola, sabiam que Hjulmand a podia recuperar", destacou Francesco, assinalando depois a capacidade de se adaptar a dois modelos táticos: como único "trinco" ou num sistema com duplo pivô. "O Lecce joga em 4x3x3 e como tal ele alinha a trinco, mas também desempenha bem o papel em duplo pivô", afirma, revelando depois plena convicção que o médio tem tudo para se impor no futebol europeu de topo: "Pode ir muito longe. E a prova disso é que, logo na primeira temporada em que disputou a Serie A [2022/23] esteve mesmo muito bem."
Braçadeira herdada após ano e meio
Hjulmand foi descoberto pelo Lecce nos austríacos do Admira Wacker, acabando contratado em janeiro de 2021 pelo clube italiano. Em época e meia na Serie B não deixou dúvidas do seu valor, a ponto de ano e meio depois, ter ficado com a braçadeira de capitão, que ostentou pela primeira vez no jogo que marcou o regresso do clube ao primeiro escalão transalpino. "Se o Hjulmand conseguiu ser nomeado capitão muito rapidamente foi, em primeiro lugar, pela sua personalidade. Não é de muitas palavras mas é um jogador muito sério", assinalou Francesco Velluzzi, da Gazzeta dello Sport. Agora, tem o Sporting no seu encalço e o acordo final está por um fio. Fenerbahçe, Fiorentina, Lázio ou Southampton terão perdido a corrida por um médio que quer brilhar em Lisboa.