Central vai vestir a camisola 3, que pertenceu ao ex-capitão nas últimas cinco épocas e que o técnico Luís Martins aponta como “fonte de motivação”
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O término da ligação entre Pepe e o FC Porto deixou a camisola 3 sem dono, mas por pouco tempo. Tiago Djaló, central que os dragões apresentaram em cima do fecho do mercado de verão, ficou com o número que o ex-capitão envergou ao longo das últimas cinco temporadas e, aos olhos de quem conhece bem o reforço dos azuis e brancos, a herança não vai pesar. Muito pelo contrário. “Estamos a falar de um jogador muito competitivo e ambicioso. É algo que terá significado para ele, mas positivo. Não vai pesar sobre os ombros. Até pode motivá-lo”, defende, a O JOGO, Luís Martins, antigo treinador e coordenador técnico dos escalões de formação do Sporting, onde orientou Djaló na equipa B.
As memórias do trabalho com o central que a Juventus cedeu ao FC Porto são “muito boas”. “Lembro-me do Tiago como um jogador que cedo mostrou capacidade para atingir um nível superior, como veio a verificar-se. Ainda tinha idade de juvenil e chamei-o à equipa B. Via ali potencial, potencial esse que o Sporting acabou por perder quando vendeu o jogador ao Milan, num bom negócio”, recorda Luís Martins, numa alusão à saída para Itália, em 2019. “Era uma boa geração de centrais, com o Kiki, o Ivanildo [Fernandes] e o Demiral, mas o Tiago era o que tinha mais potencial. Era um ou dois anos mais jovem, mas já tinha a mesma qualidade dos outros. Um talento precoce, já com capacidade de se adaptar a lateral-direito, esquerdo e à vontade como central nos dois lados. Aperfeiçoou muito o jogo com o pé esquerdo e pedia para jogar onde se sentia mais vulnerável. A tendência dos jogadores é tentar fugir às fragilidades, mas ele não. Desafiava-se para superar os limites”, relata o técnico.
Volvidos alguns anos, e com experiência acumulada no Milan e no Lille, Tiago Djaló regressa a Portugal pela porta portista e os dragões recebem um central aprimorado pela experiência adquirida em Itália e, acima de tudo, em França. “Vejo-o mais do que preparado para absorver as ideias de Vítor Bruno. Sempre foi versátil e maturou essa faceta em França, estando apto para jogar em diferentes estilos. Basta dizer, aliás, que foi peça importante na conquista do título francês pelo Lille [em 2020/21]”, lembra Luís Martins, que, curiosamente, foi adjunto de André Villas-Boas, agora presidente do FC Porto, no Tottenham e no Zenit.
“Metódico e poderoso fisicamente, com grande capacidade de impulsão”, Tiago Djaló tem tudo para se afirmar “rapidamente”, vaticina o treinador. Até porque há outro objetivo paralelo a servir de combustível. “Sei que ele quer voltar rapidamente à Seleção. Já teve o privilégio de ser chamado, mas não chegou a estrear-se. É outro objetivo que tem”, remata Luís Martins.
A condição física de Tiago Djaló pode levantar algumas dúvidas, fruto da grave lesão sofrida em março de 2023, ao serviço do Lille. O defesa rompeu os ligamentos do joelho direito e, desde então, realizou apenas um jogo oficial, no final da última época e já na Juventus. Contudo, por aquilo que conhece do ex-pupilo, Luís Martins acredita que qualquer limitação estará ultrapassada. “É muito motivado e rigoroso na preparação. Lembro-me de ter episódios com ele no sentido de contrariá-lo no volume de treino e de esforço para superar problemas”, detalha o treinador, que revela estreita ligação pessoal com Djaló. “O facto de eu ter trabalhado na Arábia e de ele ser de cultura muçulmana aproximou-nos. Fico feliz por vê-lo de volta a Portugal. Vai ter o que merece, que é tudo de bom”, refere.