Natural de Santa Maria da Feira, Henrique Nunes assumiu o projeto dos malapeiros depois de ter treinado o rival Lourosa. Com contrato por mais uma época, o objetivo é lutar pelos lugares do topo. Novo técnico do S. João de Ver fez sete pontos em três jogos, após render Nuno Pedro, que não vencia há uma volta
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Aos 67 anos, o S. João de Ver é o 14.º clube na carreira do treinador Henriques Nunes, num percurso iniciado na temporada 1987/88, ao serviço do Feirense. Após ter deixado o comando técnico do Lourosa a meio da época 2020/21, o treinador, que diz nunca ter precisado "de empresário para arranjar trabalho", aceitou com agrado o convite dos malapeiros, rendendo Nuno Pedro, que esteve uma volta sem vencer. Para já, o saldo - duas vitórias e um empate - é extremamente positivo.
Depois de quase um ano sem treinar, o que o levou a aceitar este desafio?
-O S. João de Ver apareceu nesta fase e aceitámos. É um projeto de continuidade na Liga 3, onde completará esta época, esperando que com sucesso, e iniciando a próxima, isto num clube que há uns anos estava na distrital. Agora tem uma SAD e apostou mais no futebol com o intuito de chegar aos campeonatos profissionais.
Saiu do Lourosa para um clube rival, ouviu algumas "bocas" pela mudança?
-Sou natural de Santa Maria da Feira, vizinho de ambos, e sei da rivalidade, mas nunca ouvi qualquer comentário. O S. João de Ver fez uma primeira volta muito boa e uma segunda aquém do esperado e entenderam que deviam mudar de treinador.
Pegou numa equipa que esteve uma volta sem vencer e, logo no primeiro jogo, quebrou esse enguiço. Como encontrou o balneário e o que mudou com a sua entrada?
-Não mudou grande coisa, não fiz nenhum milagre. Chego numa terça-feira e o jogo era numa sexta, quase nem tempo para treinar tivemos. Falámos nas ideias que tenho e gosto que as minhas equipas deem mais objetividade ao jogo. No primeiro, contra o Anadia, que era importantíssimo para irmos para a segunda fase com mais pontos, ganhámos 1-0 nos descontos e a jogar com dez cerca de 15 minutos. Senti que a equipa acreditou na vitória até ao fim.
Em três jogos, o S. João de Ver não perdeu e fez sete pontos. Em que aspetos incidiu mais o trabalho?
-Em dar tranquilidade à equipa. A mensagem passa melhor quando se ganha. Ganhámos ao Anadia e empatámos em Braga. Agora, ganhámos ao Pevidém e estamos com sete pontos de avanço sobre eles, o que nos dá uma estabilidade emocional diferente para encarar este final de época, procurando fazer bons jogos e o maior número de pontos.
Vê uma equipa com capacidade para alcançar que objetivos?
-Aquilo a que nos propusemos foi a permanência na Liga 3. Temos contrato para a próxima época, para podermos fazer uma equipa que possa pensar nos primeiros lugares.
Acha que se tivesse chegado há mais tempo, poderia estar a disputar a fase de promoção?
-É sempre difícil dizer se iria acontecer. A Direção entendeu que o melhor momento era aquele e não é normal aguentar-se um treinador durante 11 jogos sem vencer. É de louvar terem acreditado no Nuno Pedro.
Está num grupo com Sanjoanense, Pevidém e Montalegre. Sente que ficou no lado bom?
-Sim, se me dessem a escolher preferia este. Conhecendo todas as equipas da série norte - Canelas, Lourosa, Anadia e Fafe -, parece-me um grupo mais forte do que o nosso, apesar de achar que a diferença entre as equipas da Liga 3 é mínima. O próprio Pevidém fez poucos pontos na primeira fase, mas é uma equipa difícil, que se bate sempre bem.
Ricardo Soares impressiona-o, Feirense e Arouca estão no coração
Sendo de uma escola mais antiga de treinadores, Henrique Nunes (67 anos) vê em Ricardo Soares (47), do Gil Vicente, o técnico que mais o impressiona de momento. "Tem um padrão de jogo que gostamos de ver. Não tenho nada contra treinadores jovens, mas hoje em dia chega-se com grande facilidade à I Liga sem ter demonstrado trabalho. Uns com mérito outros nem tanto", apontou, tecendo elogios a Feirense e Arouca, clubes que guarda no coração. "Torço para que o Feirense suba de divisão, ainda mais sendo o timoneiro o Rui Ferreira, que foi meu jogador no Gil Vicente. Quanto ao Arouca, subi-o duas vezes à II Liga, é uma terra que vive o futebol e que consegue reunir jogadores com muita mística, espírito de sacrifício e determinação. De certeza que se vão manter na primeira divisão".