Henrique Araújo garante vaga no Benfica: "Daqui a alguns meses, todos vão perceber..."
Avançado do "grupo de elite" do Seixal já convenceu e tem a porta aberta para ser opção efetiva em 2022/23.
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Foi com algum estrondo que Henrique Araújo se mostrou em pleno aos adeptos do Benfica na reta final da partida das águias frente ao Vizela.
O jovem avançado, melhor marcador da equipa B dos encarnados, com 13 golos em 21 partidas da II Liga, saltou do banco e foi a tempo de empatar o jogo, tendo ainda a possibilidade de dar o triunfo aos da casa se o guarda-redes Pedro Silva não tivesse fechado a porta a um remate do jovem de 20 anos.
Mas se o guardião vizelense soube fechar o caminho ao avançado nesse lance, o mesmo já parece impossível de acontecer em relação à afirmação de Henrique Araújo na equipa principal: ao que O JOGO apurou, a evolução e regularidade do jovem nas últimas épocas já lhe asseguraram uma vaga no plantel para 2022/23, que este último feito veio apenas confirmar.
A decisão da estrutura encarnada em relação a Henrique Araújo vem sendo desenhada desde há muito. O jovem madeirense - que no Seixal ganhou a alcunha entre os colegas de "o Madeira" - foi contratado em 2018/19 pelo Benfica ao Marítimo, sob indicação do chief-scout Pedro Ferreira. De lá para cá, fez 128 jogos e marcou 94 golos nos vários escalões, ele que sempre evoluiu pelo menos um patamar acima da sua idade. Henrique Araújo é, aliás, um dos jovens sobre os quais a estrutura encarnada maiores expectativas criou, colocando-o no chamado grupo de elite, aquele onde entram apenas os jovens vistos como tendo potencial máximo para jogar, um dia, na equipa principal. O mesmo aconteceu recentemente com Gonçalo Ramos e Paulo Bernardo, ambos já de lugar firmado no topo da cadeia das águias.
Em parte devido às lesões de Seferovic e Rodrigo Pinho mas, acima de tudo, a chegada de Nélson Veríssimo ao plantel principal, permitiram ao avançado antecipar a subida, ainda que aos poucos, à equipa principal. O golo ao Vizela, numa recarga oportuna após defesa incompleta de Pedro Silva, mostrou a imagem de marca de Henrique Araújo, um ponta-de-lança apontado por quem o conhece como sendo muito forte na finalização, frio e de personalidade competitiva. "Quando fez o golo eu estava ao telefone com um colega e dizia-lhe "deram-lhe outra oportunidade e à segunda vai ser de vez"... Passados uns segundos, lá estava, golo. Mas aquilo é o Henrique Araújo: um remate à baliza e, na segunda bola, lá está ele sem falhar. Ou noutras situações, como a que trocou dois defesas e quase fez golo. É o normal dele. Tem faro de golo como poucos o têm para aparecer sempre no sítio certo a finalizar. Podemos dizer que o Henrique é um jovem mas nem sequer tremeu no lance do golo; há muitos mais velhos que não estão lá naquelas situações. Daqui a alguns meses, todos vão perceber que o "gajo" está sempre no sítio certo para finalizar", apontou a O JOGO José Pedro Jacinto, ex-treinador do jovem nos sub-23 do Marítimo. E acrescentou: "Costumava dizer que ele era o jogador esquecido mas, quando cruzam, sabemos que ele vai estar lá para encostar."
Falta "ganhar poder" mas "sem estragar"
O técnico continua a falar com Araújo, que vê como alguém "muito focado" e conta que lhe recomendou paciência. "Disse-lhe que enquanto estivesse lá o Jorge Jesus ele iria ter dificuldades mas que, depois, certamente que a porta iria abrir-se para ele. E a porta abriu-se, não havia hipótese. Entre as duas gerações acima da dele, não há outro ponta-de-lança como ele em Portugal", frisa José Pedro Jacinto. Sempre a jogar em escalões acima da idade, Araújo marcava posição já na Madeira. "Até os colegas, dois ou três anos mais velhos que ele, olhavam e perguntavam-me o que fazia ele nos juvenis. Como era mais novo, passava um pouco despercebido, não queria exibir-se, era um pouco mais introvertido. Mas quando entra em campo, faz gato sapato dos defesas, torna-se noutro", aponta.
No Seixal, Henrique Araújo ganhou físico, algo que só pode favorecer. "Com um atleta destes, que aparece onde aparece para finalizar como o Henrique finaliza, é melhor não mexer muito para não estragar. Mas precisa ainda de ganhar um pouco mais de poder para jogar na frente e fazer 90 minutos com grande intensidade. Aliás, ele teve de aprender a defender no Benfica pois, no Marítimo, só precisava de atacar. Teve de tornar-se mais completo", analisa José Pedro Jacinto.