Com Jorge Jesus e Rui Vitória, o Benfica alcançou a melhor percentagem de vitórias e de pontos do que idênticas sequências de Sporting e FC Porto. E destacaram-se nos golos marcados e sofridos.
Corpo do artigo
O feito é inédito na história do Benfica e os números mostram que também o é no futebol nacional.
Esta quarta-feira completam-se precisamente três anos desde que os encarnados inscreveram no seu palmarés a conquista de um tetracampeonato, uma sequência de quatro títulos nacionais consecutivos que os rivais FC Porto e Sporting já há muito tinham no respetivo museu.
12186492
Foi com uma goleada na receção ao Vitória de Guimarães, por 5-0, a 13 de maio de 2017, que a equipa comandada por Rui Vitória fez a festa na penúltima jornada e confirmou a conquista desse troféu, após 30 jornadas na liderança - sempre com o FC Porto à perna -, e completou um tetracampeonato que no ano seguinte não deu lugar a um penta porque as águias foram travadas pelos dragões de Sérgio Conceição, impedindo que os da Luz igualassem os azuis e brancos neste feito extra.
Iniciado por Jorge Jesus em 2013/14 e concluído em 2016/17 por Rui Vitória, o tetra encarnado "supera" o dos dois rivais - um do Sporting e dois do FC Porto, um deles incluído no já referido penta - nos principais números. Assim, contas feitas em percentagem e média porque nenhum período teve o mesmo número de jogos porque os campeonatos não tiveram as mesmas jornadas, o tetra dos encarnados é aquele em que foi registada a maior percentagem de vitórias, garantidas em 78,7 por cento dos 132 jogos realizados, embora o número total, como já foi explicado atrás, de 104 triunfos não supere as 106 averbadas pelos dragões, em 136 partidas. O FC Porto, entre 1994/95 e 1997/98 e entre 2005/06 e 2008/09, teve 77,9 e 73,3 por cento de triunfos, enquanto o Sporting, de 1950/51 a 1953/54, alcançou 75,9.
Da igual forma, e daí resultante, as águias têm uma maior percentagem de pontos amealhados, de 83,08, contra 82,35 e 77,15 dos portistas, e 82,69 dos sportinguistas. E isto é consequência dos muitos golos marcados - o Benfica tem a segunda melhor média, com 2,3, atrás dos 3,26 leoninos - e ainda dos poucos sofridos, com as águias de novo em destaque, com uma média de 0,53 por jogo, que superou à risca o melhor registo, do FC Porto, de 0,54, no segundo tetra.
Encarnados apontam percurso de "absoluto domínio do futebol português" e asseguram que "este feito não surgiu por acaso", destacando a política financeira e aposta na formação
Os responsáveis encarnados, através da sua newsletter oficial, destacaram na segunda-feira mesmo esta data que se cumpre para os lados da Luz, recordando "um brilhante triunfo ante o Vitória de Guimarães, por 5-0, consolidando, com muita classe e enorme competência, o percurso iniciado, quase quatro anos antes, de absoluto domínio do futebol português", naquela que foi a "sexta tentativa desde a longínqua temporada 1938/39".
"Este feito não surgiu por acaso. Antes refletiu anos de política desportiva acertada e de recuperação económico-financeira, as quais permitiram títulos e, em simultâneo, o enquadramento ideal para a preconizada revolução do modelo estratégico do clube, em que a formação passou a ser um dos seus pilares fundamentais. Foram muitos os atletas da formação lançados na primeira equipa ao longo das épocas do tetra", escreveram ainda.
Um goleador no topo do pódio
Durante a conquista do tetra, o plantel encarnado contou com uma ajuda preciosa de um total de 70 jogadores, mas um deles destacou-se, e muito, dos demais quando empunhava a sua pistola. Sim, Jonas foi coroado o goleador-mor no somatório dos quatro títulos mesmo tendo apenas disparado nos últimos três. O brasileiro marcou 65 dos 304 golos das águias, o que equivale a uma percentagem elevada de 21,3 por cento, quase um quarto dos tiros da equipa que foi sempre capitaneada por Luisão, o rei dos minutos (8342').
Curiosidades
De cinco totalistas só sobram dois na Luz
Apenas um lote restrito de cinco jogadores alinharam nas quatro temporadas de conquista consecutiva das águias, mas já só restam dois no plantel atual. Luisão já terminou a carreira e Salvio rumou ao Boca Juniors, enquanto Fejsa foi emprestado ao Alavés. Sobram Jardel, capitão, e André Almeida, sub-capitão.
Luisão supera tudo e todos nos jogos
Hoje embaixador dos encarnados, Luisão alinhou nos quatro títulos do tetra e, além de ter sido o líder em minutos de utilização, com 8342, foi também o jogador que fez mais jogos (95), superando Pizzi (87), Jonas (80), Gaitán (78) e Salvio (78). O central ainda fez 24 partidas em 2017/18, na temporada do falhado penta, antes de deixar os relvados.
Rui Vitória alcança recorde de pontos
Destaque também para o número de pontos que os encarnados averbaram no terceiro título da sequência. Na segunda época de Rui Vitória e sempre apertado pelo Sporting até à última jornada, o Benfica sagrou-se campeão com 88 pontos (86 dos leões), naquela que passou a ser a melhor marca de sempre. Há duas épocas, Sérgio Conceição levou o FC Porto à mesma marca.
Maior número de triunfos num tetra
Também em 2015/16, Rui Vitória comandou a equipa encarnada a um outro registo, que não passou a ser recorde, mas igualou o anterior máximo. Foram 29 as vitórias amealhadas, que igualou o maior número de triunfos num tetra, que foi alcançado por Bobby Robson, no FC Porto, em 1994/95, ano de início do ciclo do segundo tetra portista.
Fechado um ciclo com 32 campeões
O Benfica completou o seu tetra com um recorde de jogadores utilizados, num total de 32. Só no último jogo, no Bessa ante o Boavista, Rui Vitória lançou Paulo Lopes, Pedro Pereira, Kalaica e Hermes. Em 2013/14 e 2015/16 tinham jogado 31 atletas.