"Há gente que por muito que ganhe continuará sempre a ser muito pequena e muito pobre"
Presidente do Sporting visou Pinto da Costa, líder máximo do FC Porto, durante um discurso, este domingo, num evento de comemoração de aniversário de um núcleo de sócios em Carregal do Sal
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Discordância de João Paulo Correia: "Sobre o senhor Pinto da Costa, sou obrigado a discordar veementemente do senhor Secretário de Estado do Desporto [João Paulo Correia], que recentemente tomou posse. O senhor Pinto da Costa não é nem nunca poderá ser uma referência do desporto nacional. E eu vou explicar porquê, convidando o senhor Secretário de Estado a ouvir apenas uma escuta, entre muitas que estão disponíveis para qualquer pessoa na internet, do processo Apito Dourado. Destaco esta de 24 de janeiro de 2004 (horas antes de um FC Porto-Estrela da Amadora) onde, de viva voz, o presidente do FCP, senhor Pinto da Costa, por intermédio do empresário de jogadores António Araújo, oferece os serviços sexuais de três prostitutas à equipa de arbitragem liderada pelo árbitro Jacinto Paixão, a quem Pinto da Costa, nessa escuta, chama carinhosamente "JP"."
Referência ao processo Apito Dourado: "É verdade que estas escutas não foram autorizadas pela Justiça portuguesa para uso de prova e o senhor Pinto da Costa foi absolvido do processo. Mas, se é verdade que essas escutas não puderam ser usadas como prova, também é verdade que elas são reais e aconteceram mesmo. Aqui, senhor Secretário de Estado, não é preciso a Justiça dizer o quer que seja para sabermos que o senhor Pinto da Costa é um corruptor ativo e alguém que deveria estar banido do dirigismo desportivo há décadas. Difícil é explicar a qualquer cidadão como é que uma pessoa apanhada a dizer isto não é condenada."
Insultos a Pinto da Costa: "Ao senhor Pinto da Costa, por mais que lhe custe e por mais tentativas que faça para tentar apagar as suas ações, será sempre recordado como um corruptor ativo. E eu aqui estarei para lhe recordar até ao último dia da sua presidência que é um corruptor ativo e uma vergonha para o desporto português, ao mesmo tempo que aguardarei com expectativa o desfecho do processo "Cartão Azul". Um país que reconhece o senhor Pinto da Costa como uma referência é um país sem valores. E um país sem valores é um país sem futuro. Portugal não pode nem nunca poderá ser esse país."
Mais críticas a Pinto da Costa: "Não me lembro de ver o nosso rival FC Porto vencer um campeonato e o Sporting e o seu presidente serem o alvo da sua comunicação e o centro da sua atenção. Não só não é motivo de preocupação como é reconfortante, motivador e encorajador. É a confirmação de que estamos no rumo certo, de que o Sporting já não é visto como o terceiro grande. Como o terceiro e simpático grande. E como é maravilhoso ouvir o senhor Pinto da Costa com saudades e a elogiar o Sporting do passado recente. Há gente que por muito que ganhe continuará sempre a ser muito pequena e, sobretudo, muito pobre. Não existe maior pobreza do que a pobreza do caráter, da integridade e de valores. São e serão sempre gente muito pobre, ao contrário da grandíssima e honrosa instituição que representam."
Morte de adepto nos festejos do 30.º título nacional: "Dirijo-me novamente ao senhor Secretário de Estado do Desporto mas também ao senhor Ministro da Administração Interna. No dia 8 de maio, o país assistiu a um bárbaro assassinato, em plena via pública e aos olhos de todas as pessoas que ali estavam. Ocorreu às portas do Estádio do Dragão aquando das celebrações do título. É seguramente dos episódios mais brutais de violência de que há memória em Portugal. O que aconteceu foi muito, mas muito mais grave do que o ataque de Alcochete, apesar de ter tido apenas um centésimo de cobertura mediática."
Reparos ao comunicado do FC Porto: "Só a mim é que este comunicado faz confusão [n.d.r. Varandas leu comunicado do FC Porto a propósito do falecimento de um adepto]. "A morte"? Não. Não foi apenas a "morte". Foi um bárbaro assassinato. "Não pode deixar de ser lamentada"? Claro que sim mas o termo que devia estar bem vincado era condenada. Este é um comunicado pobre, cobarde e condicionado."
Apelo ao MAI: "Apelo ao senhor Ministro da Administração Interna para ser implacável na luta contra este crime organizado que se acha impune à justiça e à lei portuguesa. Muitos dizem que isto é um problema da sociedade e não do futebol. Não é verdade meus senhores. Claro que é da sociedade, mas a origem deste problema está intimamente ligado ao futebol e aos clubes que permitem o seu financiamento ilegal, alimentando este crime organizado. Estes episódios são tão de chocantes como embaraçosos para o nosso país."