ENTREVISTA II - Hugo Souza, titular da baliza do Chaves, é fenómeno no Instagram
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Falando do absurdo de seguidores no Instagram: 1,3 milhões. Mais do que todo o plantel...
-Fico feliz, é um trabalho reconhecido. Ajuda certamente ter crescido num clube com massa adepta gigantesca, mas acho que quem está a seguir acredita no meu potencial. Eu tento interagir. É muito bom ser apoiado dessa forma, vendo tanta gente sentir-se parte do meu dia-a-dia.
O vídeo da sua apresentação foi recorde do clube, com 700 mil visualizações!
-Espero continuar a ajudar o Chaves não só no campo. Avisei quando cheguei que podiam tirar partido do que quisessem com o Instagram. Não sou maior do que o clube.
Em 2019 teve a oportunidade de estar nos eleitos de Tite para dois amigáveis. Isso mostra que é guarda-redes de seleção?
-É um sonho servir a canarinha. Estar lá foi algo que me fez ver o que é estar a esse nível. Vou fazer de tudo para voltar. Foi uma sensação indescritível, não sei explicar direito, estavam lá todos os craques. Se tudo correr bem, se alcançar as minhas expectativas, vou chegar lá.
Quem mais o marcou nesses dias?
-Estavam Neymar, Alisson, Casemiro, Felipe Luís, que seria meu colega, Marquinhos, Thiago Silva, Richarlison. Só questionava, o que estou a fazer aqui? Fizeram-me sentir parte daquilo e era um miúdo. Douglas Costa, Alex Sandro, Casemiro e Thiago falavam muito; o Thiago disse mesmo, vendo-me nervoso, que se eu estava com eles, era porque merecia, que era igual a todos. Estava preso e essa frase soltou-me um pouco. Não posso esquecer Taffarel e Tite, vou fazer de tudo para viver isso de novo. E ganhei a alcunha de ‘King Size’ pelos meus amigos, pois guardei uma mensagem do Neymar no Whatsapp, que me tratava dessa maneira.
Guarda-redes do Chaves percorre a galeria de memórias que ficaram das passagens de Jorge Jesus pelo Flamengo, ainda era um miúdo a espreitar a primeira equipa, e Paulo Sousa, que fez dele aposta.
Como geriu as expectativas de uma chegada tão prematura à baliza e à titularidade do Flamengo?
-Como profissional no Brasil com 21 anos, era tudo novo, lá tudo acontece muito rápido. Quando um miúdo tem oportunidade, muda tudo. Talvez não tenha sabido gerir alguns momentos, essa mudança de vida e estatuto, mas nunca abdiquei de trabalhar. Posso dizer que alcancei a expectativa que coloquei a mim, mais importante do que as expectativas dos adeptos. Fiz boa carreira no Flamengo, somei mais de 70 jogos, ganhei títulos e senti-me importante. Saí porque precisava de respirar um novo ar, recuperar a confiança e ter a visão que os próximos passos podem ser grandes.
Como foi assistir de perto ao ano triunfal de Jesus?
-Era bem novo, era o quarto da hierarquia para a baliza, vinha da base e o Flamengo ganhou tudo em 2019. Mas também ganhou o sub-20 do Brasileiro. Eu jogava aí, mas treinava muito na equipa A. Gostava de ter tido mais tempo. A oportunidade de me estrear surge com Domènec Torrent, mas Jesus sempre me tratou bem, deu bons conselhos, falou bem de mim e o nome dele ficou marcado na história do Flamengo. Foi importante para todo esse elenco, para os decisivos Gabigol e Bruno Henrique, e para mim.
Foi Paulo Sousa quem lhe ofereceu uma posição contínua...
-Eu esperava isso, porque tinha tinha terminado muito bem 2021. O Paulo arranca em 2022 e vê-me confiante para assumir a baliza. Fiz bons jogos. Ficou muito carinho. Essa fase aumentou o meu número de jogos no Flamengo, isso conta no meu currículo. Paulo Sousa foi um treinador que me ajudou bastante. Acreditou no meu potencial e fez de mim o número um. Teve uma passagem de altos e baixos, apesar de 70 por cento de aproveitamento com vitórias. Mas no Flamengo isso não chega e esse trabalho foi visto como ruim, embora sem o ser.