Gonçalo Ramos explode com Schmidt: avançado bate recordes após chegada do técnico
Elogiado em Espanha, destacado por Grimaldo, jovem goleador das águias está em alta e a superar todos os números<br/> da época passada. Titular em 12 jogos, o dono da camisola 88 supera todos os arranques de temporada da sua ainda curta carreira e, com oito golos e três assistências, bate já os totais de todas as épocas completas.
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Um cartão vermelho, visto na receção ao Vizela, afastou Gonçalo Ramos do jogo com o Famalicão, único em que o camisola 88 não alinhou, mas que não anula o efeito explosivo que se tem sentido no ataque benfiquista neste arranque de época, onde o camisola 88 se apresenta com um andamento claramente superior ao exibido na última temporada e... em todas as anteriores.
A dúzia de jogos que inscreveu no currículo da campanha em curso, todas com o carimbo de titular, foram aproveitadas pelo dianteiro português, que esteve até ontem ao serviço da Seleção Nacional, porém excluído da lista final para o jogo com a Espanha, para corresponder com golos e assistências. Até agora, Gonçalo Ramos desferiu oito tiros certeiros e fez três passes letais.
Esta é a face visível de um rendimento que, para Roger Schmidt, inclui muita capacidade de pressão, de exploração de espaços e ligação entre os elementos mais adiantados. Contudo, e além destas tarefas que causam, naturalmente, maior desgaste físico no jogador que funciona como referência do ataque, Ramos tem deixado a sua marca como nunca antes conseguira. No mesmo número de presenças no início de 2021/22, não tinha golos e registava uma assistência, enquanto na época anterior marcara quatro vezes, sem qualquer passe para golo.
Esta assinatura em 11 golos dos encarnados foi colocada nos 12 jogos, todos como titular, nos quais acumulou 827 minutos. Na temporada anterior, apenas jogou 532 no mesmo período de análise, tendo 383 em 2020/21 e apenas cinco em 2019/20. Este dado comparativo destaca ainda mais o novo estatuto que Gonçalo Ramos "veste" agora de águia ao peito e que motivou mesmo negas na última janela de mercado a algumas abordagens pelo jogador, recusadas pela SAD por esperar maior valorização e pela importância dada a Ramos por Schmidt.
Voltando aos números, que salientam ainda mais esta explosão de Gonçalo Ramos, os oito golos e três assistências superam o rendimento apresentado pelo dianteiro de 21 anos nas épocas anteriores e na sua... totalidade. Em 2021/22, foi chamado a atuar em 46 jogos, acumulou 2448 minutos e "pintou" apenas os mesmos oito golos e dois passes letais. Pela equipa principal, desferiu quatro tiros em 2020/21 (12 jogos) e apenas dois em 2019/20 (um jogo), ainda que nesta última tenha marcado mais 14 tentos divididos entre equipa B, sub-23 e juniores.
Deixa Marca lá fora e um espanhol aplaude
Em dia de Portugal-Espanha, Gonçalo Ramos foi destaque no país vizinho, até pela estreia na convocatória (chamado após a renúncia de Rafa às quinas). O conhecido jornal "Marca" apelidou-o de "9 que apaixona Portugal", num artigo que inclui, entre outros, declarações de Carlos Carvalhal, técnico do Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, e de Grimaldo, com quem partilha o balneário.
"Gosto muito dele, tem um grande futuro pela frente na Seleção. É um jogador de equipa e tem um conjunto de qualidades pouco comum: trabalha, corre, luta... e é um bom finalizador. Remata bem de cabeça e com os dois pés. Interpreta bem os movimentos de rutura e de apoio", afiançou o técnico português, que o defrontou pelo Braga, para onde, revela, o quis levar. "Estreou-se pelo Benfica há três anos, contra nós. Não jogou, mas perguntei se havia possibilidade de vir para a nossa equipa emprestado. Disseram-me que o Benfica tinha muitas expectativas nele", analisou, enquanto Grimaldo foi taxativo: "Gosto de duas coisas nele. É goleador e tem uma intuição incrível. Além disso, é um enorme lutador, nunca descansa."
Segundo melhor sub-21 da Europa
O arranque de Gonçalo Ramos esta época pelo Benfica tem também expressão quando comparado com o que outros jogadores têm feito com 21 anos ou menos no cartão do cidadão. Filtrando o rendimento de jovens que militam em equipas das 15 maiores ligas europeias, os oito golos assinados pelo dianteiro dos encarnados são apenas superados por um jogador. Marin Ljubicic, ponta-de-lança de 20 anos dos austríacos do LASK Linz, por empréstimo dos croatas do Hajduk Split, tem menos três partidas no currículo, mas mais dois golos do que o avançado português das águias. No terceiro lugar do pódio surge Victor Boniface, de 21 anos, dos alemães do Union Berlin, com oito golos e apenas duas assistências.
"Ponta-de-lança não é só golos"
A viver um grande momento de forma, com oito golos e três assistências até ao momento, números superiores aos da época passada, Gonçalo Ramos explica o que entende ser um ponta-de-lança moderno. "As pessoas pensavam que um ponta-de-lança só está ali para fazer golos e o resto não importa, mas eu acho que ao longo dos últimos anos essa imagem está a desaparecer um bocadinho e é cada vez mais importante que um ponta-de-lança esteja mais dentro do jogo e contribua mais para a equipa, a ligar o jogo, a pressionar. Muitas vezes com movimentações que acaba por ficar noutra posição e pede-se outro tipo de tarefa", comentou, elogiando Ronaldo, que considera uma "referência" para "qualquer jogador que atue na frente". "Também sou fã do Lewandowski e do Ibrahimovic", acrescentou.
Na temporada passada, Ramos jogou em muitas partidas no apoio a Darwin, atualmente é a referência do ataque. "A posição que prefiro e que represento melhor é de principal referência do ataque, ponta-de-lança, mas no ano passado foi-me pedido para jogar no apoio ao nosso ponta-de-lança, que era o Darwin, e também gosto. O que importa é jogar. Com a saída dele, abriu espaço para mim ou para outro ponta-de-lança jogar. Seria estranho se dissesse que não, o Darwin marcou 30 e tal golos. É muito bom agora ter a oportunidade de desempenhar a função que gosto mais".
Gonçalo Ramos não esconde também que o atual modelo tático, implementado por Roger Schmidt o favorece. "O sistema é favorável para mim, as ideias e o que o míster me pede favorece o meu jogo. O míster também falou comigo para me orientar bem sobre aquilo que queria, o que ele via num ponta de lança que joga no modelo dele e as coisas estão a correr bem", atirou, reafirmando o desejo de seguir em frente na Champions. "Estamos focados em passar a fase de grupos e só depois disso é que iremos olhar mais para cima", disse em entrevista à UEFA.