A lutar com um cancro do pâncreas há três anos, o bibota de ouro deixa o FC Porto e o futebol nacional de luto. Funeral realiza-se na tarde deste domingo, na Igreja das Antas, sendo esperada uma multidão para o último adeus.
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O maior goleador de sempre do FC Porto partiu no sábado, aos 66 anos, vítima de doença prolongada. Há cerca de três anos a lutar com um cancro no pâncreas, o bibota de ouro sofreu, em outubro, um AVC que o deixou internado durante várias semanas e também ainda mais debilitado. Faleceu no sábado, em casa, deixando a família do futebol, sobretudo a azul e branca, de luto.
O maior goleador da história do FC Porto morreu no sábado, aos 66 anos, vítima de doença prolongada
Pinto da Costa não conteve as lágrimas e nem conseguiu terminar a entrevista que deu a propósito do desaparecimento de um dos maiores jogadores de sempre do clube e que assumira há poucos anos as funções de diretor da formação dos portistas. O velório de Fernando Gomes realizou-se, no sábado, na capela da Igreja das Antas e continua esta manhã (11 horas). Muitas figuras ligadas ao FC Porto, mas também ao futebol nacional, já passaram pelo local. Pinto da Costa foi dos primeiros, tendo dado as condolências à família e confortado Alexandra Afonso, companheira do antigo avançado. O funeral terá lugar esta tarde, às 15 horas, também na Igreja de Santo António das Antas, sendo esperada uma multidão para último adeus ao rei dos goleadores portistas.
Figura histórica do FC Porto, o antigo futebolista foi também dos maiores goleadores mundiais da sua geração, tendo conquistado a Bota de Ouro em 1982/83 e em 1984/85, o que lhe valeu a alcunha de bibota de ouro. "O céu levou-nos o 9. Os golos ficam na memória de todos", escreveu o FC Porto nas redes sociais. E para os livros ficam os 355 golos que marcou de azul e branco em 452 jogos, um registo que, no futebol atual, será praticamente impossível de ser superado.
As reações ao falecimento do antigo goleador portista sucederam-se ao longo do dia com o Sporting e o Sp. Gijón, os únicos outros clubes onde jogou além do FC Porto, a despedirem-se do antigo avançado. A Federação Portuguesa de Futebol - Gomes vestiu por 47 vezes a camisola da Seleção Nacional - decretou um minuto de silêncio, gesto que será cumprido em todos os desafios que se disputem este fim de semana e amanhã. A Liga de Clubes tomou medida idêntica para os encontros da Taça da Liga. No Catar, a preparar o jogo com o Uruguai, Fernando Santos enviou as condolências à família portista.
O presidente da República, Marcelo rebelo de Sousa, considerou que Fernando Gomes "foi determinante na afirmação de Portugal fora das nossas fronteiras", enquanto o Primeiro-Ministro, António Costa, recordou "a magia" que o goleador espalhava em campo. Rui Moreira, edil portuense, lamentou a morte e revelou que vai pedir um voto de pesar da cidade.
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Fernando Gomes nasceu na freguesia de Campanhã - bem perto do antigo das Estádio das Antas -, e começou a representar o FC Porto nas camadas jovens, onde colecionou golos e títulos. Aos 17 anos estreou-se pela equipa principal e logo com um bis à CUF. "Joguei como um ala ou um ala disfarçado. Quando a equipa defendia, eu, como ala, defendia, e quando a equipa atacava, em diagonal, ia para o meio. O primeiro golo foi uma jogada dessas: numa diagonal, fui mais rápido do que os defesas e marquei. Na segunda parte, foi num canto. A bola sobrou na área e eu rematei", contou numa entrevista. Três anos depois conquistava o primeiro de seis troféus de melhor marcador do campeonato nacional e ao fim de seis deu-se a primeira saída, para o Sporting Gijón, que coincidiu com o abandono temporário de Pinto da Costa e de Pedroto dos dragões. Duas épocas depois voltava às Antas para, em 39 jogos, marcar 50 golos, conquistando a primeira Bota de Ouro. Em 1987, uma lesão tirou-o da épica final de Viena. "Hoje falo com um sorriso nos lábios. Depois disso fiquei bastante desiludido, mas não exteriorizei", recordou. Meses depois, porém, foi decisivo para o triunfo na Taça Intercontinental. Em 1989, o casamento com os dragões chegava ao fim, mas a carreira ainda durou mais dois anos, de leão ao peito.
Fernando Gomes voltaria ao clube do coração, tendo estado vários anos ligado à estrutura, onde foi chefe do departamento de scouting e, mais recentemente, vice-presidente com a "pasta" da formação. "Tinha um amor ao FC Porto que ultrapassava o normal. Toda a vida esteve ligado aos grandes êxitos do FC Porto", referiu, no sábado, Pinto da Costa.
À família enlutada e ao FC Porto, O JOGO endereça as mais sentidas condolências.
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