Carvalhal identifica "diferença brutal de atitude" entre ingleses e os outros no que toca à gestão física.
Corpo do artigo
O treinador do Braga, Carlos Carvalhal, disse esta terça-feira em Leiria que há uma "diferença brutal de atitude" mental entre os jogadores de futebol ingleses e os restantes no que toca à recuperação física entre jogos.
Convidado a falar sobre "Operacionalidade de treino" no Fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, que encerra hoje em Leiria, Carlos Carvalhal recordou a experiência à frente do Sheffield Wednesday e Swansea, em Inglaterra, para frisar as diferenças sobre "o fator mental na recuperação".
"Os britânicos estão habituados, desde pequeninos, a não ouvir sequer falar em gestão [de esforço]. Ouvem falar em jogar permanentemente. É impensável dizer a um jogador de terça-feira para sábado que não vai jogar, que pode estar fatigado. É um insulto. Eles estão sempre disponíveis para jogar", afirmou o técnico, lembrando o exemplo do "Boxing Day".
Nessa fase das competições em Inglaterra, no final do ano, "todos estão habituados a ver na televisão os jogadores a jogar o Boxing Day".
"E são sempre os mesmos a jogar: eles veem essa realidade e perseguem essa realidade. E pensam: "se eles conseguem, eu também consigo". A mente é tremenda e ajuda muito", reforçou Carvalhal.
Para o treinador do Braga, está comprovado que "em termos fisiológicos ninguém recupera totalmente em 72 horas [de repouso]".
Mas, no Sheffield Wednesday, por exemplo, percebeu a diferença entre a fação de jogadores britânicos e os restantes, num plantel que tinha também "portugueses, latinos, um argentino, um da República Checa...".
"É possível jogar após 48 e 60 horas, e jogar a um nível elevado", surpreendeu-se, mesmo com "uma recuperação mínima" e que implica andar "sempre numa linha vermelha em termos de lesões e de não-recuperação. Qual é a diferença entre estes jogadores? "Há uma diferença brutal de atitude perante a recuperação".