Galeno seduz ingleses, mas FC Porto só vende pela clásula: "Vejo-o na Premier League no futuro"
Camisola 13 do FC Porto está há sete jogos sem faturar, mas faz mira a um recorde pessoal de participações em golos. Cobiça não mexe com os dragões, que, sabe O JOGO, só vendem pela cláusula.
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A época de explosão de Wenderson Galeno no FC Porto conheceu um travão nos últimos dois meses. Aliado à fase menos positiva da equipa, o extremo ainda sofreu duas lesões quase consecutivas em meados de fevereiro, que levaram à quebra da forma que vinha demonstrando até então e que, aliás, havia motivado sondagens de clubes da Premier League.
Extremo é seguido por equipas inglesas e quer pôr fim ao maior jejum de golos da temporada. Daniel Ramos treinou-o e aponta a paragem como "benéfica"
Entretanto, surgiu a paragem para os compromissos das seleções nacionais e o luso-brasileiro dispôs de um período mais alargado para restabelecer os índices físico e mental no Olival, olhando para a reta final da temporada com dois objetivos pessoais para juntar às ambições coletivas: quebrar a maior série de jogos sem fazer o gosto ao pé em 2022/23 - vai em sete - e fixar um novo máximo de participações diretas em golos numa só época. No que toca às finalizações, já bateu o recorde (14), mas, juntando remates certeiros e assistências, a melhor marca remonta a 2018/19, no Rio Ave: foram 19, mais dois do que aqueles que soma na presente campanha.
Olhando para esse máximo de carreira, O JOGO falou com Daniel Ramos, que "limou" Galeno em Vila do Conde, e o treinador mostra-se convicto que a pausa competitiva veio na altura ideal para o ex-pupilo. "A paragem pode ter sido exatamente o que o Galeno precisava. Creio que foi benéfica, porque é um jogador que precisa de ser intenso e de ter capacidade de aceleração. Isso adquire-se com o tempo. Depois de uma lesão, os níveis de intensidade e confiança não são os ideais. Com mais tempo para treinar, já terá recuperado esses índices", afirmou o técnico, de 52 anos, confiante na retoma do atacante nesta reta final de época. "É um jogador que quer sempre mais. Quanto mais faz, mais quer fazer. Eu dizia-lhe: "Tens condições para fazer mais, muito para dar. Só a consistência fará com que olhem para ti de outra forma", recordou Daniel Ramos.
Ao puxar a fita da carreira de Galeno atrás, o treinador lembrou a época do luso-brasileiro no Rio Ave como uma espécie de "ponto de partida" para algo maior. "Teve a ver com o que foi a confiança e condições que recebeu para fazer mais e melhor. Os treinadores pediam-lhe que não se acomodasse. Os golos e as boas exibições foram aparecendo e tornaram-se um incentivo, um ponto de partida. Ele fez por merecer. Sentiu que tinha de apostar muito nessa época e precisava que assim fosse, porque vinha de anos irregulares", relatou Daniel Ramos, ele que apanhou um jovem que vinha de um empréstimo pouco proveitoso ao Portimonense.
De volta ao presente e volvidos quase cinco anos, o que mudou? "Ganhar imprevisibilidade foi decisivo para que subisse de patamar. A driblar, puxava sempre para o mesmo lado. Agora, isso já não acontece e não é tão fácil perceber o que vai fazer. O potencial que sempre mostrou está à vista de toda a gente e quem trabalhou com ele sabe que, num contexto de grande exigência, o Galeno iria mais além. O que mudou foi a capacidade de decidir melhor no último terço, a escolha entre o drible e a assistência, porque ele sempre finalizou razoavelmente bem", detalhou o antigo treinador sobre o extremo, que voltaria ao FC Porto após dois anos e meio de alto nível no Braga.
Depois de um período menos fulgurante, Galeno será um dos trunfos com que Sérgio Conceição espera contar para atacar o que resta da época. Como o treinador portista disse, a distância de 10 pontos para o líder Benfica não leva a que os dragões atirem a toalha ao chão e a Taça de Portugal é uma meta declarada. Ter o segundo melhor marcador da equipa (só Taremi marca mais) no topo de forma é fundamental.
Com sondagens inglesas
Os 14 golos marcados e a valorização de Galeno no FC Porto não têm passado ao lado dos radares do futebol europeu. Em Inglaterra existem vários clubes a seguir atentamente o extremo, que tem a vantagem de ter passaporte português e, ainda que não se tratem de emblemas do topo da pirâmide da Premier League, têm argumentos financeiros bem conhecidos. Alguns chegaram a efetuar sondagens indiretas para perceber em que condições o poderiam levar do Dragão, mas O JOGO sabe que a SAD apenas admitirá vendê-lo pelo valor da cláusula, fixada nos 50 milhões de euros. O contrato, recorde-se, só termina em 2027.
Questionado sobre o tema, Daniel Ramos explicou que as qualidades de Galeno, de 25 anos, até encaixariam bem no futebol inglês. "Vejo-o na Premier League no futuro. É um futebol que tem muito de aceleração e velocidade e o Galeno tem essa capacidade de acelerar em situações de um para um. É, aliás, uma das características que lhe é mais reconhecida. A capacidade de encarar o adversário, de acelerar jogo... Isso é fundamental em todos os campeonatos europeus, mas em Inglaterra talvez seja ainda mais importante, de forma a que um extremo possa sobressair dos demais", analisou o treinador.