A história do último reforço portista no mercado de inverno. Da chegada ao Trindade quase desidratado e a passar fome à glória no Dragão, onde está apostado em deixar a sua marca.
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Se não estava escrito nas estrelas, parecia. Galeno marcou pelo FC Porto quatro anos e meio depois de ter festejado no terreno do Lusitano de Évora numa partida da Taça de Portugal.
No regresso a "casa", o extremo marcou no dia 13, o número que usa na camisola em homenagem a Alex Telles e a Pinto da Costa
Agora, faturou num Dragão cheio, para o campeonato, no dia 13 de março e com o 13 nas costas, o número que escolheu para homenagear o compatriota Alex Telles - que fez questão de deixar um comentário das redes sociais a sublinhar isso mesmo - e também por ser o número da sorte de Pinto da Costa, conforme o presidente lhe disse no dia em que assinou o contrato para o regresso a "casa".
Por todas estas coincidências, a emoção de marcar ao Tondela foi enorme. O extremo correu para o banco para festejar com os companheiros e fez questão de dar um abraço a Sérgio Conceição para agradecer as oportunidades que lhe tem dado.
O destino até pode parecer que estava traçado, mas há poucos anos, nem o próprio imaginava, que um dia, estaria a representar um dos grandes clubes da Europa. Galeno chegou com 16 anos ao Trindade, um modesto clube do estado de Goiás, e "tinha tudo para não dar certo".
"Sempre foi um menino diferente, não teve bases, veio de Barra do Corda, jogava no terrão [pelado], descalço. Em 2014, começou na base (Sub-17). Chegou primário aqui, não tinha acompanhamento, estava desidratado, quase a passar fome. Eu via que precisava de algo mais. Ele tinha força, mas perdia-a rápido. Tentava dar um pique, mas depois já estava cansado. Hoje, dá arrancadas de 20, 30 metros. É um jogador imprevisível, agudo, que joga em direção ao golo", recordou Rubens de Carvalho, ou Rubinho como é conhecido, o treinador que o acolheu nas camadas jovens do Trindade, numa entrevista a ESPN do Brasil.
No Trindade, Galeno começou a ganhar apenas ajudas de custo, depois passou a ter direito a um salário mínimo, até que em 2015 sua vida começou a mudar.
"Disputou a Copa Goiás de Sub-20 e rebentou. Nesse ano, começou a trabalhar com a equipa profissional, mas não jogou. Depois, em 2016, disputou dez jogos e fez cinco golos", explicou o antigo treinador.
Foi então que o Grémio Anápolis, clube empresa de referência no Brasil, o contratou. Daí até atravessar o Atlântico foi uma questão de meses. O FC Porto recebeu-o por empréstimo e os 13 golos e seis assistências que fez em 16/17 pela equipa B levaram a SAD a investir 1,5 milhões de euros na sua contratação.
Na época seguinte, já com Sérgio Conceição, estreou-se pela equipa principal no tal jogo da Taça de Portugal em que marcou ao Lusitano de Évora. Faria mais três jogos, mas acabou cedido ao Portimonense.
O resto da história é bem conhecida: embalou no Rio Ave, foi contratado (19/20) pelo Braga por 3,5 milhões de euros e no último dia do mercado de inverno foi "resgatado" pelos dragões para compensar a saída de Luis Díaz para o Liverpool.
O investimento de nove milhões de euros já começou a ser rentabilizado, mas Galeno sabe que tem muito trabalho pela frente para cumprir a promessa que fez quando assinou: deixar a sua marca no clube.