Reforço portista esteve alguns dias em casa, fazia a sua vida e procurava quem lhe é próximo, suspirando por jogar o Mundial. A Vigo deslocava-se para manter a forma. O JOGO percorreu os seus caminhos.
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Da fronteira em Tui, logo se chega a Porriño, antes dos apelos de Vigo, pelas ostras, tapas, Samil ou até pelo Corte Inglês. Gabri Veiga conhece certamente todos os itinerários para o Porto, as curtas distâncias, a ligação irmã com a Galiza, as rotinas da vida. No concelho que viu nascer o reforço portista, o antigo craque do Celta é estimado pela humildade e, mesmo jogando na Arábia Saudita, era comum visitá-lo, não largando a família, pai e mãe, que trabalham em Vigo, no tanatório, ou a irmã, procuradora em Santiago de Compostela. Finta a curiosidade na rua, esquiva-se de gorro à gula dos olhares, mas caminha fixamente para a cafeteria Scala, onde encontra os amigos que com ele cresceram no mesmo colégio de Porriño. Foi aí que aconteceram as conversas íntimas sobre um futuro que ganhava tons de azul e branco.
Nas horas antes da mudança se consumar, o círculo próximo de Gabri Veiga sorria com a nossa visita, desconfiava um pouco e travava qualquer confidência. Também são ‘Corvos Celestes’, uma peña enamorada pelo Celta, que anos a fio sorvia o sucesso do genial filho da terra no clube do coração de todos. Um regresso aos Balaídos andava na mente, mas o FC Porto ofereceu uma proximidade irresistível. Todos já o sentiam. “Vai contar connosco, estamos ao lado”, soltavam, confiantes de que o papel do médio será impactante no Dragão. “Sempre se destacou como craque, foi um espetáculo no Celta. Desde miúdo já podia triunfar em qualquer desporto. Vai dar alegrias aí...”
Uma pista comum, esta sobre um atleta altamente dotado, que chegou a ser tentado a escolher o basquetebol. A paixão pelo futebol libertou-o da pressão pelos cestos, embora ainda seja colado na NBA, não perdendo jogos da estrela favorita, Damian Lillard, dos Milwaukee Bucks. Ídolo desde Portland.
“Gabri é estupendo e amável. Chegou a um grande da Europa e tem anos pela frente de alto nível”
De expressões tímidas, os rapazes de 22 anos que acompanham frequentemente Gabri no café conduzem-nos à loja Brooklyn, imediatamente visível. Lá está a camisola 24 do reforço portista devidamente emoldurada. A próxima já será a 17 do FC Porto. Cuco, de 37 anos, gere o estabelecimento e já pressentia o desfecho certeiro da operação. Vibrava por ele, porque já é visita comum ao Dragão. “Por questões de trabalho, vou muito ao Porto e arranjo tempo para um jogo no Dragão. O Gabri é um rapaz da terra, amigo dos seus amigos, quem o conhece sabe que pode manter conversas com ele, nunca foge, é estupendo e amável, também vem de uma família muito agradável. Chegou a um grande da Europa, a um estádio incrível, estará próximo da sua casa. Tem anos para estar ao mais alto nível e brilhar na Champions. E que um dia regresse ao clube dos seus amores, o Celta”, vinca Cuco, tentando resumir o astral do Gabri para a nova morada.
“Muitos gostariam que ele viesse para o Celta, mas compreendo a sua decisão, porque o FC Porto dá-lhe outras opções de impacto a alto nível. Está contente por voltar, após dois anos na Arábia Saudita que o fizeram melhorar. Significa muito para ele estar perto da família. Quando estamos junto dos nossos, isso repercute-se no terreno. Acho que podem contar com o melhor Gabri, potente, com muita chegada à área e facilidade em fazer golos”, espreme Cuco, antevendo romarias de Porriño à Invicta. “Estará próximo para todos os que o conhecem e gostam. A cada fim-de-semana terá amigos que lhe vão dar alento. O ambiente do Dragão vai seduzi-lo, a cidade é impressionante”, afirma.
Em nome dos Zoqueiros de Porriño, Javi Bastos, presidente do grupo de apoio ao Celta, também vaticina sucesso. “É muito querido e um grande jogador. Não tem tiques de vedeta, passa despercebido, é muito reservado e correto. Queríamos que voltasse ao Celta, mas pode ser uma transição para chegar mais tarde. Deixou-nos orgulhosos pelo que fez em Vigo. Vamos ver agora do que é capaz. Foi julgado por ter ido para a Arábia, mas lá venceu a Champions asiática”, lembra.