Em entrevista à Agência EFE, o presidente do Sporting antevê enormes prejuízos caso o público continue afastado dos estádios e garantiu que a intransigência das autoridades no assunto é explicada por "ruído e pressão"<br/>
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Frederico Varandas traçou esta sexta-feira um panorama negro do futebol português em tempos de pandemia. Em entrevista à agência EFE, o presidente do Sporting criticou a intransigência do Governo e das autoridades de saúde em manter o público afastado dos estádios e garantiu que, caso a situação se mantenha durante mais tempo, a sobrevivência dos clubes está em risco.
"O futebol foi abandonado pelo Estado. Não entendo o porquê de não existir adeptos nos estádios, ainda para mais num mês onde serão disputadas em Portugal provas de Moto GP e de Fórmula 1 com público. E ainda há outros espetáculos com pessoas a assistir, como as touradas. A manter-se esta situação é impossível a sobrevivência económica dos clubes. No nosso caso deixámos de lucrar 20 milhões de euros", frisou Varandas, apontando os 20 ou 30% de ocupação dos estádios como o cenário ideal para a situação que o país atravessa.
O dirigente-máximo do Sporting também acusou a Direção Geral de Saúde (DGS) de estar a tomar decisões baseadas no "ruído e à pressão". "Nunca se pode perder o critério científico que, nos dias de hoje, se está a perder com o ruído e a pressão. Os verdadeiros grupos de risco são os idosos e os que têm algumas patologias associadas", salientou Varandas que, durante a quarentena, voltou a exercer as funções de médico no Hospital das Forças Armadas.
Por fim, o presidente do clube de Alvalade também abordou o surto de coronavírus que assolou o plantel e a equipa técnica dos leões, criticando o tempo de isolamento ao qual os infetados vão ter de ser submetidos. ""Hoje sabe-se que a partir do décimo dia [desde que o paciente dá positivo para Covid-19] não há risco de transmissão, e em Portugal o paciente tem que estar 14 dias isolado. Em Espanha ou Inglaterra, os futebolistas estão dez dias isolados e não catorze, como em Portugal", disse.