Foi ouvido esta terça-feira em tribunal em mais uma sessão do julgamento da Operação Pretoriano
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Francisco J. Marques foi ouvido esta terça-feira, como testemunha, na 15.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano. O antigo diretor de comunicação do FC Porto marcou presença na quente Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023. Referiu não ter ideia de lhe ter sido entregue qualquer pulseira.
"Quando cheguei à mesa de credenciação estavam duas hospedeiras e fui para o auditório. Entrei e saí, porque estava cheio, um ar completamente irrespirável e imensa gente cá fora, colegas de trabalho do FC Porto. Era evidente que a Assembleia Geral não iria decorrer ali. Isso era óbvio, porque estava uma fila enorme de sócios à espera para se acreditarem", afirmou.
"Todos sabíamos que aquela Assembleia Geral iria ter uma afluência anormal em relação ao que era costume. Não falho uma Assembleia Geral desde 2011 e todas decorreram nesse auditório, que nunca estava cheio. Leva 200 ou 250 pessoas", vincou. "A minha intervenção sobre assembleia eram os anúncios colocados na imprensa. Na semana anterior, em conversa com o diretor de marketing, soube que estavam previstas duas alternativas para a Assembleia Geral e soube que estava a Tribuna VIP como solução de recurso se o número de pessoas se justificasse. Se o número fosse maior então mudaria para o Dragão Arena. Nunca houve pulseiras, só nessa é que houve e não faço ideia de quem tomou essa decisão. Imagino que tenha sido só para controlar por causa da mudança do local", recordou.
No centro da questão estava a alteração de estatutos. "Criou-se a ideia de que aqueles estatutos serviam para beneficiar a Direção e então muitos acharam que votando contra seria um voto contra a Direção. Não faz muito sentido. Nas redes sociais, como depois veio a acontecer, e nas próprias urnas, era muito maior o movimento de oposição do que a favor da Direção que estava em funções", prosseguiu.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.