Francisco J. Marques revela em tribunal quanto lucrou com o livro "Polvo Encarnado"
Diretor de comunicação e informação do FC Porto ouvido esta quarta-feira em tribunal
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Francisco J. Marques foi esta quarta-feira ouvido no tribunal judicial da comarca do Porto na qualidade de réu, no âmbito do processo cível movido pelo Benfica, no caso dos emails. O diretor de informação e comunicação do FC Porto declarou que o único objetivo que pretendia alcançar com a divulgação dos emails "eram as tramoias do Benfica", garantindo ter preservado questões do foro íntimo no caso de emails que revelavam factos da vida pessoal de alguns árbitros envolvidos, por exemplo.
Confrontado com a forma como teve acesso aos emails, Francisco J. Marques explicou perante o juiz Paulo Teixeira que recebeu o primeiro email no seu telemóvel, em abril de 2016, criando, dias depois, um endereço para o qual pediu que a restante troca de informações fosse feita. "Mais tarde, em junho de 2017, fui contactado pela Polícia Judiciária de Lisboa para entregar os emails que tinha em minha posse", completou. A primeira entrega acabou por ser feita no Estádio do Dragão, comprometendo-se a entregar os restantes emails à medida que os fosse recebendo.
Francisco J. Marques aproveitou para esclarecer que apenas ele e Diogo Faria tinham conhecimento do conteúdo dos emails e que tomou a iniciativa de delinear a estratégia de divulgação, "com o intuito de defender os interesses do FC Porto", vincou, antes de explicar a proveniência de algumas informações reveladas na altura, acabando confrontado pelo juiz com a questão da divulgação do salário de Luís Bernardo, diretor de informação e comunicação do Benfica. "Essa informação estava na Internet, era pública e nós apenas comentamos a questão, não a revelamos, porque já era do conhecimento público", justificou.
Paulo Teixeira perguntou ainda a Francisco J. Marques quanto é que tinham lucrado com o livro "Polvo encarnado", questão a que respondeu estar arrependido por não lhe ter chamado "A teia do poder do Benfica", explicando que "o Benfica procurou condicionar as atividades desportivas com grande prejuízo para todos os clubes e para o FC Porto em especial". Em relação ao dinheiro ganho com a publicação, J. Marques apontou cerca de 7 mil euros divididos em partes iguais com Diogo Faria, coautor do livro e também ele já ouvido no mesmo processo.
Por acordo entre o tribunal e os advogados das partes envolvidas, ficou estabelecido o prazo de 10 dias para apresentação por escrito das alegações orais. A seguir, o juiz terá 30 dias para proferir a sentença, altura em que o tribunal prometeu organizar uma conferência de Imprensa.