Foi ouvido esta terça-feira em tribunal em mais uma sessão do julgamento da Operação Pretoriano
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Francisco J. Marques foi ouvido esta terça-feira, como testemunha, na 15.ª sessão do julgamento da Operação Pretoriano. O antigo diretor de comunicação do FC Porto marcou presença na quente Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023.
"Quando cheguei ao pavilhão estava praticamente vazio, fui com o Tiago Gouveia [diretor de marketing] e o Carlos Carvalho [diretor de segurança], cheguei lá e sentei-me na bancada como um sócio comum. Sentei-me na bancada central", recordou. "O presidente [Pinto da Costa] disse algumas coisas sobre os estatutos, que era a favor de umas coisas e contra outras. Houve muitos assobios, coisa invulgar, mais assobios que palmas. Depois gerou-se a tal confusão lamentável a partir daí. Bate-bocas. Não consigo pormenorizar. Várias discussões entre pessoas a favor da Direção, e outras contrárias. Junto a mim não aconteceu muito isso, ouvia de forma difusa 'não aplaudes' e misturado com muitos insultos de parte a parte. Quando estávamos no Dragão Arena não me lembro de ter havido cânticos. No auditório, quando cheguei, sim. Os mesmos que acontecem nos jogos", afirmou.
A Francisco J. Marques foi perguntado se sentiu um clima de intimidação. "Não senti ninguém inibido. A dada altura, na bancada norte, as pessoas começaram a desviar-se, abriu-se uma clareira e toda a gente percebeu essa confrontação. Não consigo pormenorizar. Acho que as pessoas não estavam intimidadas. A única pessoa que identifiquei foi o Fernando Madureira. Depois viu-o a berrar e a gesticular, mas não sabendo o que estava a dizer. A ideia com que fiquei era de que ele estava a tentar controlar, era impossível ouvir o que ele disse, só o via gesticular", continuou, falando depois de Henrique Ramos.
"As coisas serenaram, parecia que seria possível prosseguir, mas depois, passado cerca de meia hora, houve a confusão com o Henrique Ramos. Que eu me lembre, pouca gente quis falar. O doutor Miguel Brás da Cunha falou e nem se percebia o que ele estava a dizer, fazia parte da comissão da revisão dos estatutos. O barulho era das pessoas a conversarem sobre o que tinha acontecido antes. Contestavam isso também. O Henrique Ramos falou e depois de ele falar há ali dois sócios que se envolvem com ele. O único contacto físico que vi na Assembleia Geral foi nessa altura com o Henrique Ramos, aliás toda a gente viu. E para surpresa minha, vi o Tiago Aguiar ali e fiquei perplexo, porque a ideia que tinha dele era de uma pessoa super calma, pacata, muito sossegada. Fiquei perplexo, não batia a bota com perdigota. Não era pessoa que se fosse levantar para envolver. Discussão acesa e empurrões ao Henrique Ramos. O Fernando Saul nunca esteve metido na confusão", assegurou.
J. Marques recordou que "pouco depois acabou a Assembleia Geral e não houve qualquer votação", salientando que "as pessoas podiam sair por onde quisessem, com as portas sempre abertas e pouca segurança". "A única estranheza que tive lá, perante poucos funcionários de segurança, tendo eu passado por muita polícia, fiquei admirado", rematou.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.