Navarro entrou em grande e revê adversário de estreia de sonho. Ricardo Soares antecipa relação proveitosa com minhotos
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Um golo na estreia, pleno de pontaria ao primeiro contacto com a bola, garantiu um lucro absurdo de moral em apenas uma semana, largando o marasmo a que havia sido votado no Dragão. Fran Navarro respondeu ao voto de confiança do técnico, embalando a titularidade com um remate tão triunfal quanto engenhoso. Movimento com a patente de “El Toro”, que se vira no Gil Vicente mas passara despercebido no FC Porto. O tempo com Carvalhal no Olympiacos favoreceu a fita perfeita na Luz, abençoada com fulcrais três pontos.
Ricardo Soares foi o primeiro técnico de Fran Navarro em Portugal, apanhando o espanhol, então vindo do Lokeren, ainda com curtos créditos. Rendeu 16 golos e um soberbo 5.º lugar aos galos.
Navarro já marcara antes ao Benfica, e até já vencera na Luz, pelo que adorou, certamente, o reencontro com os encarnados . Sonha agora com outra bicada à águia nesta final four da Taça da Liga. O impacto em Braga é sentido com euforia por Ricardo Soares, técnico que forjou o seu encanto em Barcelos. “Sem surpresa, teve rendimento altíssimo e não tenho dúvidas de que vai ser preponderante em Braga. Vejo um casamento perfeito entre um jogador de muita qualidade e um clube que vai lutar para ganhar todos os jogos”, analisa, gabando a resiliência do espanhol.
“Casamento perfeito, vai ser preponderante”
“Queria mostrar qualidade e escolheu bem. Apanhou um treinador que o conhece e saberá explorar a sua veia goleadora. A adaptação foi fácil por isso mesmo. Ele não perdeu a confiança, porque é um lutador e um profissional exemplar. A personalidade do Fran é muito vincada, nunca iria atirar a toalha ao chão”, sublinha, refletindo sobre a escassa utilização no FC Porto. “Sou suspeito para falar porque gosto muito dele, acho-o muito completo, e só precisa de estar em campo com sequência. Se assim for, é decisivo, esteja onde estiver”, garante Ricardo Soares, firme nos elogios a um Braga mais furtivo com “El Toro” na frente.
“Marcar ao primeiro jogo é uma vantagem psicológica. Vai apurar dinâmicas”
“Mesmo com muita tristeza de não o ter visto impor-se no FC Porto, vejo o perfil ideal para a ideia de jogo de Carvalhal. Na área, tem timings de movimentação fantásticos. Tanto pede apoio frontal como ataque à profundidade, aliando capacidade de jogar entrelinhas e ligar o jogo. É, ainda, o primeiro a pressionar e a dificultar a construção do adversário, o primeiro a reagir, entende o que a equipa necessita”, detalha, lembrando aspetos que foram limados e que contribuem para este avançado predador. “É muito exigente com ele próprio, tem uma ambição incrível. Chegou-me com vontade de dar a volta por cima. Tem talento para estar onde está. Fiz o melhor para o ajudar. Tinha dificuldades no timing de ataque a cruzamentos, porque estava em constante movimento. Foi-lhe dito para simular estar mais alheado e, de repente, ser agressivo a chegar. O Fran é um profissional exemplar, que ouvia muito e aprendia rápido”, lembra Ricardo Soares, partilhando boas vibrações.
“No FC Porto não teve margem de erro e não encontrou sequência para rentabilizar o seu potencial. Ele precisava de jogar, e no Braga teve a felicidade de marcar logo ao primeiro jogo. Já tem essa vantagem psicológica grande. Acabou de chegar e vai apurar dinâmicas e relações com os colegas. O Braga tem qualidade e um jogo de construção com muitas ligações que vai favorecê-lo. E ele, agora, está muito mais leve...”, afirma o ex-técnico do Beijing Guoan, da China.