Força de bloqueio do Benfica faz mossa: menos cartões e a defesa que se inicia em Gonçalo Ramos
Encarnados podem igualar, frente ao V. Guimarães, a melhor sequência sem sofrer golos.
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A importância do processo defensivo ser trabalhado de forma coletiva é um dos aspetos que Roger Schmidt tem vincado tanto com as escolhas em campo como nas declarações que vai fazendo. A verdade é que o Benfica deste ano defende mais e melhor do que acontecia noutras temporadas. E isso é uma das ideias ou princípios dos quais o treinador alemão não abdica e procura aperfeiçoar.
Princípio: Roger Schmidt valoriza o "equilíbrio tático" e entreajuda na equipa
Nos últimos jogos, um dos aspetos que tem estado em destaque na análise à formação encarnada é o papel secundário que Vlachodimos tem assumido, com muito poucas intervenções ao longo das partidas. Os dados mostram precisamente que, em comparação com as épocas anteriores, o guarda-redes grego tem sido chamado menos vezes a aparecer. Nesta temporada, o Benfica tem uma média de 7,66 remates concedidos por jogo, uma diminuição drástica em relação aos 10,81 da última temporada e um valor ainda distante do segundo melhor registo, em 2017/2018, com 8,6 remates contra/jogo.
A melhoria do trabalho defensivo reflete-se também, de forma evidente, nos golos sofridos pela formação da Luz. Esta temporada, em média, os encarnados sofrem 0,72 golos por jogo, enquanto na campanha passada a média situava-se nos 1,07.
Bloco: média de remates à baliza da águia (7,66) é a mais baixa dos últimos oito anos
Ao manter a tendência das últimas jornadas, amanhã frente ao Vitória de Guimarães, o Benfica pode igualar a melhor sequência da temporada na Liga, conseguida entre as jornadas 17 e 20 nos jogos com o Santa Clara, Paços de Ferreira, Arouca e Casa Pia, e estar quatro encontros consecutivos sem sofrer no campeonato. Algo que também fica à frente do que aconteceu o ano passado, com três jogos em branco a serem o melhor registo da defesa encarnada. Para já, os jogos com o Vizela e Marítimo, fora, e a receção ao Famalicão acabaram com o marcador a nulo para a equipa adversária.
A defesa que se inicia em Gonçalo Ramos
São estes os números que demonstram o trabalho que Roger Schmidt tem pedido à equipa com o posicionamento dos jogadores em campo a promover a contenção das ações ofensivas logo numa primeira fase do terreno, expondo menos a defesa aos ataques adversários. Em muitos dos casos, jogadores como Gonçalo Ramos e Aursnes são o primeiro ponto de bloqueio defensivo o que permite à defesa uma melhor organização. O caso do norueguês é específico e demonstra as ideias do técnico alemão, que não prescinde de Aursnes no meio-campo encarnado, seja numa posição mais adiantada ou mais atrás, precisamente por permitir um equilíbrio da equipa e um apoio tanto na primeira fase defensiva como numa fase mais recuada, numa missão que fica completa com a "limpeza" feita ainda por Florentino.
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Já em outubro do ano passado, antes do encontro com o PSG na fase de grupos da Liga dos Campeões, questionado se pretendia reforçar a linha defensiva, Schmidt explicou aquilo que pretendia: "O objetivo não é ter mais jogadores na defesa, é jogar de forma mais tática. Temos de ter um jogo irrepreensível em termos táticos. Temos de ser muito bons em termos de equilíbrio tático, precisamos que os jogadores se apoiem. Isso é uma das chaves". O jogo ditou um empate a uma bola e acabou com o técnico a elogiar o trabalho defensivo da equipa.
Menos faltas e ainda menos cartões
Os números mostram que ao nível de faltas, o Benfica está a fazer menos do que em épocas anteriores: 12, 21 ações por jogo, o registo mais baixo dos últimos oito anos. Ou seja, apesar do processo defensivo estar a envolver mais jogadores, a organização e antecipação é também maior o que faz com que a equipa seja menos vezes apanhada em falso e cometa menos faltas. Um dado que também se reflete no número de cartões amarelos vistos. Em média, são 1,72 por partida, que contrasta com os 2,4 da época passada.
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Se os cartões vermelhos aumentaram escassas décimas, é neste campo dos castigos que Schmidt pode ter os primeiros contratempos para a fórmula defensiva. Amanhã, Aursnes não vai a jogo por acumulação de amarelos e a equipa vai ser testada sem um dos grandes responsáveis pela contenção defensiva. Sem esquecer que Florentino está também no limite dos cartões.